Por mais que se possa dizer que estamos órfãos dos filmes de
ação dos anos oitenta, pode-se dizer que quanto aos anos oitenta sim, mas os
filmes de ação não. Todos os anos, filmes de ação destrutivos e explosivos, que
extrapolam o nível máximo que a realidade pode permitir. Filmes como Adrenalina
(Crank – 2006), Con Air (1997), Um Drinque no Inferno (From Dusk Till Down
-1996), Eclipse Mortal (Pitch Black – 2000), dentre outra vasta gama que se eu
citar aqui, é melhor eu parar de viver e digitar (não que todos estes filmes
citados sejam bons), fazem parte de uma nova onda de filmes de ação que
herdaram o legado dos antigos Comando Para Matar (Commando – 1985), Braddock -
O super comando (Missing in Action – 1984), Desejo de Matar (Dead Wish – 1974)
ou a saga Rambo. Estes filmes faziam parte de um gênero único que marcou uma
geração cinematográfica e deixou muitas saudades em seus fãs, mas não órfãos.
Convenhamos! Estes filmes de ação do século XXI fazem bem o seu papel, mas algo
nas entranhas de muitos saudosistas ainda se revirava, clamando por uma
“galhorfada” clássica dos anos oitenta. Foi então que em 2010, os saudosistas
foram presenteados por um de seus maiores ídolos, Sylvester Stallone, com um
verdadeiro “Filme de Ação Oitentista”, Os Mercenários. Mas todos sabiam que
esta história não terminaria com um só filme.
Sly, depois de longos anos de “molho”, fazendo filmes
menores em papéis de pouca ou nenhuma representação cinematográfica, foi
coroado e reverenciado como o responsável por acelerar os corações saudosistas
com esta verdadeira homenagem aos filmes brucutus. Agora no auge, ele não seria
louco de parar e, agora em 2012, lançou a tão aguardada continuação. Os
Mercenários 2 é uma verdadeira bomba de adrenalina, injetada direto nos
glóbulos oculares dos espectadores que tanto aguardaram o retorno dos mais
queridos e agraciados astros de ação.
Já na cena inicial, somos agredidos (no bom sentido) com a
invasão da pequena equipe liderada por Barney Ross (Sly) à uma fortaleza militar
em algum lugar no oriente para resgatar um bilionário chinês. A sequência de
tiroteio, explosões, destruição, sanguinolência e violência gratuita é uma das
melhores já vistas em filmes do gênero, e o filme poderia terminar por aí. Digo
isso pois infelizmente ele começa a decair e se manter em um nível de qualidade
bem baixo, mas não deixando de ser divertido, durante praticamente o filme
todo, até voltar à boa qualidade próxima do terceiro ato.
Vamos aos problemas. Na cena inicial, vemos ótimas cenas de
luta protagonizadas pelo mestre kung fu Jet Li, que após resgatarem o
bilionário, desaparece, e não dá mais às caras durante o filme inteiro, nem
mesmo para dar um oi para seus amigos e festejar a derrota do vilão Vilain. De
fato, Li teve problemas de agenda, mas custaria colocar ele junto com seus
amigos bebendo no bar festejando? Enfim.
Schwarza, Sly e Willis arregaçando os terroristas. |
A equipe tem um novo integrante, o jovem Bill The Kid,
interpretado pelo irmão do nosso amigo Thor, Chris Hemsworth, o “garoto” (Kid)
Liam Hemsworth, cuja especialidade é acertar o pênis de uma mosca a dez
quilômetros de distância com o seu rifle batizado de “The Castrator” (estou
brincando! Ele é só um exímio sniper). Sua participação, apesar de ser
relativamente inútil, dá um ar mais jovial para o grupo, cujos roteiristas
aproveitaram para fazer piadas sobre o quão velhos estão estes marmanjos. Já
era de se esperar que o garoto já morreria, pois este é um grupo de senhores
mau encarados, e Barney precisava de um real motivo para matar o vilão Vilain.
Era também de se esperar uma participação feminina, ao menos
mais ativa do que a nossa linda conterrânea Gisele Itiê. Mas será que foi por
falta do nosso amigo oriental Jet Li que os roteiristas (na verdade, os
produtores do filme) decidiram colocar uma bela – e extremamente conveniente
hacker e mestre e artes marciais – oriental? A relativamente desconhecida Nam
Yu dá vida à Maggie, uma tentativa frustrada de colocar uma mulher bonita / faz
tudo e ainda assim inútil, substituta de Jet Li na trama.
Mas o que falar sobre Terry Crews e Randy Couture? Nada. De
novo.
Jason Statham tem uma participação relativamente menor,
deixando-o com o papel de um simples, porém fodão, integrante da equipe. Ele
está bem. É só. Mas não podemos dizer o mesmo do grande sueco – e eterno He-Man
– Dolph Lundgren. Ele novamente rouba a cena, mas não se tornando um “mini
boss” vilão. Ele passa a ser agora o alivio cômico, atuando como um mulherengo
desastrado, dorminhoco roncador de sono pesado e até um falho engenheiro
químico formado no MIT que não consegue nem fazer explosivo com minerais
encontrados em uma mina (MacGyver o faria com um chiclete e um clips). O
engraçado é saber que Lundgren é realmente mestre em engenharia química pela
Universidade de Sydney e que seu QI é de 160 (igual ao de Bill Gates e Stephen
Hawking). Certamente um personagem indispensável para a(s) continuação(ões) de
Os Mercenários.
Sly e Norris discutindo a relação. |
As participações mais que especiais de Arnold Schwarzenegger
e Bruce Willis como parceiros que ajudam a equipe de Sly a vencer o novo vilão
e também participante especial do filme, Jean Claude Van Damme, interpretando o
vilão Vilain (agora vocês entenderam os “Vilains” anteriores), são o ponto
forte do filme que se sustenta basicamente dos atores que marcaram nossas
infâncias e das piadas no roteiro referentes aos filmes clássicos que os
consagraram. Talvez um dos pontos altos destas referencias é o breve dialogo em
que Arnold e Bruce estão juntos atirando contra os inimigos, quando o
Governator fala “I Will be back”, em referência ao Exterminador do Futuro. Eis
que o eterno John McClane retruca com “You came back too much! I will be back!”
(Você já voltou demais! Eu voltarei!). Dito isso, Bruce corre em uma tentativa
de contra-ataque, quando Arnold responde para si mesmo “Yippie Kay Yay”, em
referência ao clássico “Yippie Kay Yay, Mother Fucker” dito por John McClane em
Duro de Matar (Die Hard – 1988), interpretado pelo próprio Bruce Willis.
É um ótimo filme para se desligar o “botãozinho de
critica/bom gosto” e se divertir com os atores mais queridos de nossas
infâncias.
P.S.: Não vou falar de Chuck Norris porque se eu disser que
ele faz um dos personagens mais inúteis da história do cinema, é capaz de ele
entrar aqui em casa querendo me quebrar a cara. Mas já está dito.
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GR Machado gosta da ideia de Chuck Norris não voltar para o terceiro filme.
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