27/04/2012

A Ficção Científica no Cinema - Parte 2 - O Início do Cinema



                  Apesar de grande parte dos filmes de Ficção Científica serem baseados em obras literárias, o primeiro filme considerado do gênero é um roteiro original. Trata-se de Viagem à Lua de Georges Méliès, um ilusionista francês que assistiu à exibição do cinematógrafo dos irmãos Lumiére, com os filmes da chegada do trem à estação e a saída dos trabalhadores da fábrica. Méliès ficou impressionado com o potencial do aparelho. Após adquiri-lo, concebeu o filme Viagem à Lua em 1902.  A partir daí, filmes utilizando-se de cenários futuristas, maquiagens, figurinos e efeitos visuais passaram a fazer parte do cinema fantástico.
                  Alguns anos depois, foram lançados filmes considerados como Ficção Científica mas que foram esquecidos por não serem tão bem concebidos e recebidos, é o caso por exemplo de The Doctor`s Experiment (1908), L`èlectrocuté (1911) e outros. Em 1916 temos uma das primeiras adaptações de obras literárias do gênero, uma das obras máximas de Julio Verne, 20000 Léguas Submarinas. Começam então as produções de filmes adaptados em obras literárias, como O Médico e o Monstro (1920) do livro de Robert Louis Stevenson, The Lost World (1925) do livro de Sir Arthur Conan Doyle e Frankenstein (1931) da obra de Mary Shelley. Em 1931 também temos uma das primeiras refilmagens do cinema, O Médico e o Monstro, que assim como no original, a utilização da maquiagem é imprescindível para a narrativa da história.
                  Pouco antes, no final da década de 20, o cineasta Fritz Lang concebe filme que é reconhecido como um dos mais importantes da Ficção Científica e do cinema. Metropolis (1927) utiliza-se de cenários, figurinos, maquiagens, miniaturas e maquetes para criar os efeitos visuais em uma época que o próprio setor de efeitos ainda engatinhava na criação do imaginário, de algo distante, porém plausível, aproveitando-se para fazer criticas à sociedade e à política de industrialização que no início do século era um dos principais causadores de desemprego e previa a dependência quase total da máquina pelo ser humano.
                  As continuações e refilmagens de filmes passaram a ser fortemente explorados, como A Noiva de Frankenstein (1935) e O Filho de Kong (1933), este sendo uma espécie de continuação vagabunda do clássico King Kong (1933) que diferentemente do original, que não pode ser considerado ficção-científica por não conter ciência e/ou tecnologia para explicar a história, utiliza-se de uma tecnologia plausível como máquinas e equipamentos diversos.
                  Observando que o mercado cinematográfico de Ficção Científica arrecadava uma boa quantidade de dinheiro, mesmo com continuações diretas (ou tentativas) e refilmagens, os estúdios passaram a fazer variações de personagens e temas de outros filmes originais ou adaptados, criando novas histórias para explorarem, além também de utilizarem as histórias em quadrinhos. Nestes casos, se enquadram os filmes O Filho de Frankenstein (1939), A Mulher Invisível (1940) e a adaptação das histórias em quadrinhos de Flash Gordon, com uma primeira aparição em 1936 e seguindo-se com outras aventuras do herói intergaláctico em 1938, 1940 e assim em diante.
                  Podemos notar que até três décadas após os primeiros filmes de Ficção Científica, grandes nomes do gênero apareceram, sejam eles originais, adaptados, continuações, refilmagens e diversificações de temas e personagens, mas acabaram ficando esquecidos quando os filmes de horror e suspense (estes às vezes continham traços gênero, mas a essência principal era horror e suspense) por pouco mais de uma década, até que a Ficção Científica retornasse com força gradual até emplacar novos e grandes títulos nos cinemas.


Continua...

21/04/2012

American Pie e o Reencontro da turma de 99


Entrei no cinema dez minutos antes de começar o filme. Muitas cadeiras vazias e pouquíssimas ocupadas, na maioria por pessoas com aparentemente trinta anos. Casais, grupo de amigas, de amigos, pessoas solitárias, mas alegres. Se eu não soubesse qual filme iria passar nesta sessão, não me passaria nenhum outro filme na cabeça que me remetesse a esse público. Sento-me na minha poltrona enquanto desligo meu celular e preparo minha lata de cerveja gelada para abrí-la ao apagar das luzes. As pessoas começam a adentrar no cinema, acomodando-se em seus assentos. E o murmurinho começa, junto dos sons típicos dos pacotes de pipoca, biscoitos e chocolates, aliados sons de latas e garrafas de refrigerante sendo abertas. A sala está praticamente lotada, ficando vazios talvez o mesmo número de assentos que estavam ocupados no momento em que entrei. E isso já passava de dez minutos. As luzes se apagam, os murmurinhos diminuem (mas infelizmente ainda continuam), os brilhos das telas dos celulares parecem os reflexos de pequenos planetas próximos a um grande sol à sua frente. São treze anos depois de 1999. E eu vi.
American Pie – O Reencontro é (atrevo-me a escrever/dizer isso) um dos filmes mais esperados do ano. Não é todo o ano que vemos a retomada de uma saga que marcou nossa infância e adolescência, e mesmo com continuações cada vez piores, a nostalgia em relação ao primeiro filme aumentava cada vez mais, deixando-nos loucos por um reencontro dos cinco amigos Jim, Oz, Kevin, Finch e Stifler.
O Reencontro mostra o final de semana dos amigos em uma reunião com todos os colegas do ano de 1999, do ensino médio. Não só os atores que representaram os protagonistas, como também todos que representaram os outros personagens que participaram e fizeram até mesmo uma ponta nos filmes anteriores.
Jim e Michelle já tem um filho de dois anos, mas estão passam por problemas conjugais relacionados ao sexo, onde não há mais tanta paixão em suas relações sexuais. A cena inicial nos apresenta este fato com piadas que não só remetem ao filme original como utiliza-se de um humor que relacionam os avanços tecnológicos dos dias de hoje, se comparados com o final da década de 90. Estas piadas, com referências de avanço da tecnologia, estão em várias partes do filme, onde podemos ressaltar uma das melhores, quando Stifler pede para usar o telefone da casa de alguém da vizinhança e o dono questiona-o perguntando se ele não possui aparelho celular. Stifler lembra-se que naquela época (1999), o aparelho ainda não estava tão popularizado ao pondo de ele mesmo ter um.
Cenas que nos remetem às passagens clássicas dos primeiros filmes nos fazem lembrar como eles eram tão bons, divertidos e sem se preocupar com a censura, como uma das primeiras cenas quando os cinco amigos se reunem na noite de sexta feira para beber e Jim acorda-se na manhã seguinte no chão da cozinha de sua casa, completamente suja e desarrumada, enquanto veste somente uma camiseta (exatamente, só de camiseta). Michelle e sua antiga amiga de banda do acampamento, a anos atrás, adentram a peça, quando ele encontra talvez o pior e mais engraçado modo de esconder seu pênis.
Envolvendo alguns dramas amorosos, cujo cada cena termina com algum acontecimento hilário seguido de um drama e uma nova ambição por parte do protagonista desta sequência, mentiras tornam-se verdades e problemas ficam piores. Mas não se preocupem! O Pai do Jim, Mr. Levenstein, pode lhe dar uns conselhos, depois ficar um pouco embriagado e fazer o que muitos jovens daquela época ansiavam em fazer com uma das personagens mais queridas da série (original, os três primeiros filmes). Mesmo tendo os murmurinhos e comentários desnecessários das pessoas sentadas à nossa volta, acabamos não nos desvirtuando da história, que mantém nossa atenção do início ao fim, sem longas sequências mais lentas. É um filme dinâmico e divertido, que quando termina, não acreditamos que já se passou uma hora e cinquenta minutos desde que as luzes da sala de cinema apagaram.
American Pie – O Reencontro estreou nesta sexta, dia 20 de abril e é uma das pedidas deste final de semana para aqueles que tiveram infância e adolescência vendo um dos maiores clássicos dos filmes Teen High School (não o Musical, por  favor!)


20/04/2012

The ABC's of Death

            Em um desafio proposto pela Drafthouse Films, uma produtora de filmes de horror, foram selecionados 26 novos diretores consagrados do gênero e em ascenção para fazerem 26 curtas-metragens onde cada filme tem como tema uma palavra que começe com uma letra do alfabeto. Estes cineastas terão 6 meses, 6 semanas e 6 dias (ok, sete meses e meio, mas vamos manter a simbologia do número) para produzirem e finalizarem seus trabalhos.
            A ideia da série é produzir filmes com os mais diversos tipos de morte que se pode imaginar, sem economizar no sangue falso, mas economizando bastante nos outros efeitos físicos ou digitais. Mas convenhamos, o que vale é a intenção.
            Segue abaixo a lista dos diretores, seu respectivo país e filme que o consagrou:
1.     Kaare Andrews, EUA – Altitude
2.     Angela Bettis, EUA – Roman
3.     Ernesto Diaz Espinoza, Chile – Mirageman, Mandrill
4.     Jason Eisener, Canada – Hobo With A Shotgun
5.     Bruno Forzani & Héléne Cattet, Bélgica – Amer
6.     Adrian Garcia Bogliano, Mexico – Não Morrerei Só, Sudor Frio, 36 Passos
7.     Xavier Gens, França – The Divide, A Fronteira, Hitman: Assassino 47
8.     Jorge Michel Grau, México – We Are What We Are
9.     Noburo Iguchi, Japão – Robo Geisha
10. Thomas Malling, Noruega – Norwegian Ninja
11. Anders Morgenthaler, Dinamarca – Princess
12. Yoshihio Nishimura, Japão – Helldrive, Machine Girl, Tokyo Gore Police
13. Banjong Pisathanakun, Tailândia – Espíritos: A Morte Está Ao Seu Lado
14. Simon Rumley, Reino Unido – Vermelho, Branco & Azul
15. Marcel Sarmiento, EUA – Deadgirl
16. Jon Schnepp, EUA – Metalocalypse, Os Irmãos Aventura
17. Srdjan Spasojevic, Sérvia – A Serbian Film
18. Timo Tjahjanto, Indonésia – Macabro
19. Andrew Traucki, Austrália – Perigo Em Alto Mar
20. Nacho Vigalondo, Espanha – TimeCrimes, Extraterrestre
21. Jake West, Reino Unido – Doghouse
22. Ti West, EUA – House of the Devil, The Innkeepers, Cabana do Inferno 2
23. Ben Wheatley, Reino Unido – Kill List
24. Adam Wingard, EUA – A Horrible Way to Die
25. Yudai Yamaguchi, Japão – Yakuza Weapon
26. Lee Hardcastle – Foi realizado um concurso pela Drafthouse Films, para a escolha do curta que ficaria com a letra “T”. Lee foi escolhido e seu curta animado “T is for Toilet“, que conta a história de um menino que tem medo de ir ao banheiro, estará presente na compilação. Ele está logo abaixo, para vocês conferirem.



            Com lançamento previsto para a segunda metade de 2012, The ABC's of Death entrará para uma seleta lista de antologias de curtas-metragens fantásticos.






18/04/2012

Danny Elfman e o Lá Lá, Dili Dili, Boom Boom para Tim Burton



Clique para ouvir a música enquanto lê.




Danny Elfman nasceu em Los Angeles e iniciou sua carreira musical fundando, juntamente com seu irmão Richard Elfman, a banda Oingo Boingo, cujo maior sucesso foi com a música “Stay”, que além de outras diversas músicas, foi utilizada no cinema.
Elfman entrou para o mundo das trilhas sonoras quando compôs para o filme de baixo orçamento Forbidden Zone (1982), dirigido pelo irmão Richard.
A primeira trilha sonora composta para um filme de grande orçamento foi para o filme A Grande Aventura de Pee-Wee, onde iniciou sua parceria que perdura até hoje com Tim Burton. Entre outros trabalhos, contribui também com Sam Raimi, onde compôs as trilhas de Army of Darkness – Uma Noite Aluceinante 3 (1992) e O Homem-Aranha 1 e 2 (2002 e 2004).
Danny Elfman trabalhou também compondo trilhas para programas e séries de televisão, onde sua obra mais conhecida é a clássica abertura do desenho animado Os Simpsons, além de compor também para jogos, como a série Fable.
Como compôs as trilhas para os dois Homens de Preto (1997 e 2002), dentre seus projetos futuros está a segunda continuação da trilogia a ser lançada este ano, além de mais duas parcerias com Tim Burton, Dark Shadows e Frankenweenie, ambos com lançamentos previstos para este ano.



17/04/2012

Arrombacast EP01 Parte 3


            Olá! Sejam bem vindos a mais um Arrombacast, a terceira e última parte do piloto do videocast do Cinema Arregaçado.
            Nesta parte, os arregaçadores cinematográficos Alexandre Machado e G. R. Machado falam sobre dois dos filmes de ficção-científica que mais marcaram suas vidas.
            Primeiro, Alexandre fala sobre O Enigma do Outro Mundo e como ele (e todos nós) ficou impressionado com os efeitos visuais que certamente são considerados um marco na questão de efeitos cinematográficos.
            Depois, G. R. fala sobre O Guia do Mochileiro das Galáxias, que o incentivou a ler a série de livros escritos pelo inglês Douglas Adams e como estes livros fizeram-no (e a muitos outros leitores) entender melhor o ser humano e como funciona a vida, o universo e tudo mais.
            Então clique aí no play, recoste-se na cadeira, divirta-se e não deixe de compartilhar e comentar, seja crítica, xingamento, mas de preferência elogios.
            Divirtam-se!



11/04/2012

Contágio, um documentário ficcional

            A humanidade, durante toda a sua história, foi marcada por terríveis pragas que já dizimaram milhões de pessoas espalhadas por todo o globo. Pragas estas geradas por vírus ou bactérias que assustam até hoje, como o vírus H1N1, conhecido como Gripe Aviária, que gerou outras formas como a Gripe Suína e Bovina. No Brasil, passamos por períodos de medo e receio de contrair algum destes vírus, sendo necessária a intervenção do governo com campanhas de conscientização e distribuição de vacinas para a população. Mas e em âmbito internacional? De quem é a responsabilidade de estudar o vírus e criar uma vacina? Quais devem ser as medidas preventivas dos governos para que o vírus não se alastre? Contágio (2011) nos mostra como tudo isso seria feito.
            Narrando várias histórias paralelas, Contágio apresenta o nosso mundo atual sendo atacado por um vírus capaz de matar uma pessoa em questão de poucos dias. Laurence Fishbunre interpreta o Dr. Ellis Cheever, um dos cientistas diretores de pesquisa do CDC (Centro de Controle de Doenças, em inglês), que lidera uma equipe de cientistas que procuram descobrir qual doença é esta que está atacando as pessoas, como ela se propaga e como pode ser curada. O núcleo da narrativa do Dr. Cheever envolve também as histórias de outros cientistas que fazem a pesquisa de campo para descobrir como este vírus foi criado. Paralelamente, vemos a história de Mitch Emhoff, interpretado por Matt Damon, que acaba de perder a mulher e o afilhado, duas das primeiras vítimas do vírus, mas que por pura sorte, é imune à doença. Sua história consiste em tentar manter a filha à salvo de qualquer exposição à praga. Vemos também a história de Alan Krumwiede, interpretado por Jude Law, um jornalista/blogueiro sensacionalista que busca difamar o CDC e seus cientistas, disseminando o medo entre a população.
            Contágio não é somente uma história sobre pessoas em uma situação desesperadora em frente a um vírus extremamente mortal, mas é também uma espécie de documentário que mostra o que os cientistas e os governos fariam para defrontar uma doença que pode disseminar-se tão rapidamente e ser tão mortal a ponto de poder matar milhões de pessoas em todo o globo em questão de poucos dias. Assuntos semelhantes já foram abordados, mas sempre na forma de drama mascarado com ficção-científica, apresentando uma humanidade já praticamente extinta por um vírus letal. Contágio trata da realidade atual, de como os cientistas trabalham para manter a humanidade à salvo de doenças que podem aparecer das maneiras mais improváveis possíveis, o que é o caso deste filme que vos apresento.


09/04/2012

Le Cercle Rouge


            O cinema de aventura e ação japonês dos anos 50, sobretudo a trilogia principal sobre samurais de Kurosawa composta de “Sanjuro”, “Yojimbo” e, anterior a estes, “Os Sete Samurais”, revolucionou a imagem do “mocinho”. Estas obras deram origem não só a adaptações quase diretas como “Sete Homens e um Destino” e “Por um punhado de dólares” de Leone, mas também influenciaram muito da figura do anti-herói moderno, o policial durão mas comprometido com a lei, o pistoleiro sem nome do velho oeste e basicamente qualquer forma de personagem que, embora não seguisse de forma absoluta a lei dos homens, sempre tinha uma consciência e, por que não dizer, um coração.
            É importante notar que essa influência, além de passar pelo cinema americano, foi também assimilada pelo cinema europeu, influenciando o subgênero “polizieschi” , que fazia parte do cinema popular dos italianos, que consistiam geralmente em um único personagem, um policial lidando com alguma faceta do crime organizado do país. Mas paralelamente, um cineasta chamado Jean Pierre Melville já havia se apoderado de muito destes conceitos orientais para criar “Le Samourai”, sua obra prima, e posteriormente “O Circulo Vermelho”.
            Abrindo o filme com uma citação de Buda, o título já remete automaticamente à bandeira nipônica. A história que gira em torno de dois bandidos, um em fuga e o outro recém saído da prisão, que se encontram por acaso e desde então formam uma forte aliança, poderia ter saído diretamente de algum conto sobre ronins no Japão Imperial. É interessante notar que Meville continua a estética narrativa de “Le Samourai”, que resume-se em mostrar pouco para dizer muito, também insistindo em Alain Delon como protagonista. Ator este que mesmo sem ter 1/10 da virilidade estampada na cara de um Clint Eastwood, consegue passar credibilidade o suficiente para ter uma aura de durão.
            O tema do círculo é representado não só pela metáfora do encontro dos personagens e do elo que surge entre eles, mas em diversos momentos do filme vemos referências ao título, como no contraste dos semáforos avermelhados com a fotografia em tons de azul e cinza, que dão um clima extremamente melancólico ao longa. É interessante notar como essas cores conseguem infectar até a visão que temos dos personagens, criaturas que jamais esboçam um sorriso, o que nos faz pensar em como esta obra e outras de mesma sensibilidade possam ter influenciado o cinema de ação moderno, sobretudo filmes como os da série “Bourne”. Até nos momentos diurnos, o céu jamais deixa de dar a impressão de estar nublado.
            A direção de Meville favorece muito o suspense, que é criado de formas às vezes inusitadas, como na cena em que o protagonista joga sinuca em um bar. É nos mostrado que o lugar está vazio e o personagem de Delon dá suas tacadas, com a câmera captando a imagem de forma completamente vertical, de cima para baixo e fechado exatamente nos limites da mesa do jogo. De repente, percebemos que há outra pessoa no local agora, simplesmente porque um segundo taco entra no campo da imagem, se chocando contra outra bola de bilhar (e, é claro, são duas bolas brancas e uma vermelha, dando continuidade nas referências de Meville ao nome da obra). São momentos como esse, ou em outros como a revelação do destino de uma possível amante do protagonista logo no início do filme, que arrepiam qualquer cinéfilo que procure por uma narrativa que fuja do banal.
            Destaque também para a sequência do roubo no final do filme. Deliciosamente concebida de forma até um pouco exagerada, Meville dá ênfase nos sons e em como no silêncio completo da madrugada qualquer coisa pode soar muito mais alta do que é. Dirigida de forma extremamente detalhista, o diretor tenta nos deixar a par de cada porta aberta e fechada, nos fazendo imaginar em que ponto aquilo tudo poderá dar errado. Detalhismo este, inclusive, que se estende à composição dos personagens secundários, como o detetive solitário encarregado do caso e do seu zelo pelos seus gatos, ou da melancolia do ex-policial que os ajuda, cuja cena de apresentação nos dá dicas sobre seu estado atual.
            E é claro que no final frio e até anticlimático, Meville nos deixa claro que, acima de tudo, seus personagens não precisam de muito, nem de lágrimas, nem de grandes feitos para confiarem uns nos outros. Pequenos gestos são os gatilhos para a cumplicidade entre eles e a confirmação da sensação que temos no começo, de que uma vez dentro do Circulo Vermelho, tudo está destinado a terminar dentro dele.

Alan Silvestri e sua Escassa Biografia

Clique para ouvir a música enquanto lê.




O Nova Iorquino Alan Silvestri estudou  na Berklee College of Music, uma das mais conceituadas escolas de música dos Estados Unidos, onde estudaram também El Hefe, guitarrista da banda NOFX, Joey Kramer do Aerosmith e John Petrucci do Dream Theater.
Silvestri possui uma longa data de parceria com o diretor Robert Zemeckis, iniciando com o filme Em Busca da Esmeralda Perdida (1984), seguido logo depois pelo grande sucesso dos cinemas, a trilogia De Volta para o Futuro (1985, 1989 e 1990). Ambos continuaram trabalhando juntos, com os filmes Uma Cilada para Roger Rabbit (1988), Forrest Gump (1994), onde recebeu uma indicação ao Oscar, Contato (1997)O Expresso Polar (2004), Bewolf (2007) e Os Fantasmas de Scrooge (2009).
Com uma composição mais ampla, além de filmes de sucesso como O Pequeno Stuart Little (1999), Alan Silvestre é o responsável pelas trilhas das adaptações dos quadrinhos do Capitão América: O Primeiro Vingador (2011) e o promissório Os Vingadores, com lançamento previsto para maio deste ano.



08/04/2012

Arrombacast EP01 Parte 2

E viva o sucesso do primeiro Arrombacast!
Agradeçemos a todos que viram, curtira, compartilharam, comentaram, arrombaram, etc.
Dando continuidade ao tema, os dois queridinhos do Cinema Arregaçado comentando sobre os filmes de terror que mais marcaram suas vidas (ou não).
Apreciem!



03/04/2012

A Ficção-Científica no Cinema - parte 1


Literatura

Hoje em dia vemos nos cinemas uma diversidade quase desnorteadora de filmes de Ficção Científica com um colossal apelo nos efeitos especiais para chamar a atenção do público de todas as idades. Melhor ainda quando o estúdio produz o filme em 3D que hoje está em alta e, mesmo não adicionando nada à narrativa do filme, é um ótimo meio de arrecadar mais dinheiro. A grande maioria destes filmes são baseados em livros e contos publicados à partir da primeira metade do século XX. Desde essa época já haviam filmes deste gênero, originais ou adaptados, mas a demanda nunca foi tão grande quanto à que temos hoje. Vejamos um pouco da história do cinema de Ficção-Científica.

Gulliver aprisionado pelos Liliputians depois de seu naufrágio.
O termo Ficção-Científica (para leigos, pois aprofundando-se mais no tema podemos ver que nele há diversas ramificações e definições) é um “gênero” literário cujas principais características é a narrativa de ficção (história não baseada ou livremente baseada em fatos reais) cujas extrapolações fantásticas (fora do normal) podem ser explicadas pela ciência plausível, tanto para os dias de hoje quanto para tempos passados ou em um futuro breve ou distante. Ou seja, o termo Ficção-Científica se aplica em obras cujos acontecimentos baseados em ciência e tecnologia podem acontecer.

Concepção artística dos tripods
extraterrestres de Guerra dos Mundos.
A literatura de Ficção-Científica surgiu quando escritores de histórias fantásticas começaram a introduzir explicações plausíveis para determinados acontecimentos de suas obras. Pode-se dizer que alguns dos primeiros escritores do gênero foram o filósofo Voltaire, com sua obra intitulada Micromegas (1752) e o escritor Jonathan Swift, com uma das maiores obras de FC, As Viagens de Gulliver (1726). Mas podemos afirmar que o primeiro grande escritor de Ficção-Científica foi Julio Verne, com contos como 20000 Léguas Submarinas, Viagem ao Centro da Terra e muitos outros. Podemos destacar também a obra de Mary Shelley, Frankenstein, publicado em 1818 e Robert Louis Stevenson, que escreveu o clássico The Strange Case of Dr. Jeckyll and Mr. Hyde, conhecido como O Médico e o Monstro (1886). Pouco depois, com histórias contendo críticas sociais mascaradas com o fundo de Ficção-Científica, temos um dos maiores escritores do gênero, H. G. Wells, que publicou dentre tantas obras, os clássicos Guerra dos Mundos, A Máquina do Tempo e O Homem Invisível. Podemos notar até agora que praticamente todos estes títulos geraram adaptações para o cinema, iniciando-se quase que paralelamente ao início do gênero na literatura.

Capa do livro Tropas Estelares de
Robert A. Heinlein, originalmente
publicado em 1959.
Mas é a partir da primeira metade do século XX que conhecemos aqueles que podem ser reconhecidos como os maiores escritores de Ficção Científica da história: Isaac Asimov, Arthur C. Clarke e Robert E. Heinlein. Isaac Asimov, o criador das três leis da robótica (e por assim dizer, a maior autoridade em literatura sobre robôs) publicou dentre centenas (sim, centenas) de contos e romances de Ficção-Científica, os ícones Eu, Robô (1950) e O Homem Bicentenário (1976). Arthur C. Clarke, dentre tantas obras, é a mente geniosa que escreveu 2001, Uma Odisséia no Espaço (adaptado para os cinemas por ninguém menos que Stanley Kubrick). Robert E. Heinlein, ateu convicto e escritor fervoroso, publicou em 1959 o obra intitulado Tropas Estelares, adaptado para o cinema por Paul Verhoven, um dos maiores cineastas deste gênero das últimas décadas, que adaptou também O Homem Invisível de H. G. Wells com o nome de O Homem Sem Sombra (2000). Posteriormente, com as revistas chamadas Pulp Fiction em que eram publicados contos de diversos escritores, muitos outros que ali escreveram, ganharam grande notoriedade na literatura de Ficção-Científica como C. S. Lewis, Philip K. Dick, Lester Del Rey, Aldous Huxley, H. P. Lovecraft, Arthur Conan Doyle (sim, ele não escreveu só os contos de Sherlock Holmes) e George R. R. Martin, que nos últimos anos está em alta com as publicações de sua série de livros e o seriado adaptado da mesma série para a televisão, Crônicas do Gelo e Fogo – Guerra dos Tronos.

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