19/11/2012

A Invasão do Mundo – Batalha de Los Angeles

Desde o início do cinema, um dos temas mais representados na ficção é a invasão do planeta Terra por seres extraterrestres, desde adaptações de obras literárias como A Guerra dos Mundos, de Orson Wells até versões quase apocalípticas completamente fantasiosas, como a idealizada por Roland Emmerich em Independence Day. Tomando estes títulos como exemplo, podemos notar as grandes diferenças de extrema fantasiosidade de Indepenence Day e um realismo com olhos civis de A Guerra dos Mundos. Com a nova onda de “invasões extraterrestres” que lotou os cinemas entre 2005 e 2011, com títulos variados como Skyline, Cowboys VS. Aliens e o remake de A Guerra dos Mundos por Steven Spielberg, podemos notar que A Invasão do Mundo – Batalha de Los Angeles se diferencia ligeiramente dos outros, entretanto, obtendo um resultado mais verossímil, se suspendermos a descrença de uma invasão alienígena à Terra.


Sob uma perspectiva documental, com planos movimentados e sempre ao nível dos personagens, somos inseridos dentro da narrativa como se fizéssemos parte do grupo de soldados que deve sobreviver a um ataque colossal de seres extraterrestres à cidade de Los Angeles. Acompanhamos os sobreviventes da primeira massa de ataques, que devem procurar uma base militar segura para fugir dos invasores e do bombardeio ordenado pelo exército para exterminar os alienígenas na região litorânea da cidade.

Durante a narrativa inteira acompanhamos os soldados sem artifícios técnicos cinematográficos com resultados de planos artificiais, como travellings, dollys ou gruas. Aliando o plano ao nível dos personagens e constantemente tremidos, principalmente em momentos de maior ansiedade, como os diversos embates entre os humanos e os alienígenas, ficamos mais próximos da sensação de sobrevivermos junto aos protagonistas.

No início, somos apresentados ao sargento Michael Nantz, interpretado pelo eterno Harvey Dent de Nolan, Aaron Eckhart, que é assombrado pelo seu passado, quando perdeu todos os seus homens em campo de batalha. Sua má reputação é reconhecida pelos soldados que se veem junto a ele, diante deste novo confronto vindo do espaço, ao qual devem se unir para sobreviver.

Aaron Eckhart como Sgt. Michael Nantz
Assim como nos outros filmes com a mesma temática, os protagonistas passam por situações extremamente convenientes, por exemplo quando encontram um pequeno grupo de civis composto por uma mulher, um homem e três crianças, onde a mulher é (aí vem a conveniência) uma veterinária, que além de utilizar seus conhecimentos mais aprofundados de “medicina” ao invés dos primeiros socorros que os soldados aprendem em treinamento. Além de ajudar com os ferimentos dos sobreviventes, a moça ainda ajuda a descobrir o ponto fraco dos corpos dos alienígenas. Estes por sua vez, merecem uma atenção à parte. Diferentemente dos clássicos extraterrestres baixos, esquálidos e com grandes cabeças, estes, mesmo tendo um resquício de formato humanóide, compõem-se de corpos orgânicos e componentes artificiais, elétricos e mecânicos, me fazendo lembrar dos antigos Borgs da série Jornada Nas Estrelas – A Nova Geração. Este conceito de mescla de corpos biológicos e mecânicos nos remete à conceitos atualmente em pauta, como a organização da sociedade com controle de ações e o benefício da longevidade proporcionada por implantes artificiais em corpos deficientes. Mas acima de tudo isso, o cerne da situação, o objetivo de tal invasão, é pelo bem mais precioso capaz de manter vida (diga-se pluricelulares) em qualquer lugar. A água. Sim! Este composto químico que já incitou invasões extraterrestres em diversos outros filmes. Este é um dos pecados de A Batalha de Los Angeles, que tanto prezou por um ponto de vista mais realista e acabou tropeçando no mesmo clichê de muitos outros títulos.

À direita, o alienígena.

Relevando-se as conveniências e clichês do longa, outro ponto que podemos entender é o patriotismo, clássico dos filmes de guerra hollywoodianos, sempre apresentado diante de um discurso motivacional de alguma autoridade, ou colorido com as cores azul, vermelha e branca. Eu disse sim “entender”, pois nada disso acontece. Tirando o nome da cidade onde a trama se passa, não existem elementos clássicos do patriotismo estadunidense, tampouco de quaisquer religiões. Além de mostrar em diversas partes do filme as imagens de ataques em outras cidades do mundo (inclusive Buenos Aires e Rio de Janeiro, mostrando que os roteiristas fizeram o dever de casa das aulas de geografia e aparentemente não confundiram a capital do Brasil com a capital hermana Argentina), entendemos que esta invasão não só poderia acontecer em qualquer outro lugar do mundo, como realmente acontece, nas principais metrópoles terrestres. Mas não me venha dizer que isso acontece também com Independence Day porque em A Batalha de Los Angeles o presidente dos Estados Unidos não pilota um caça para derrotar os invasores. Este presidente é mais real. Ele deixa os soldados fazerem seu trabalho e foge, escondendo-se em algum lugar tão bem escondido que nem ao menos é citado durante o longa inteiro.

A Invasão do Mundo – A Batalha de Los Angeles é realmente um filme divertido e envolvente, pois além de nos aproximar da narrativa com técnicas de direção e fotografia muito bem planejados, também não nos exclui por sermos de países diferentes ou termos crenças e religiões diferentes. Somos todos frágeis humanos que devemos cuidar de nosso planeta e sermos unidos, para que nenhum de nossos semelhantes passe dificuldades e estejamos preparados para chutar a bunda de qualquer extraterrestre metido a besta que queira buscar encrenca conosco.



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GR Machado espirraria em um alienígena para deixá-lo doente e fazê-lo morrer com alguma doença cujos humanos tenham anticorpos.

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