16/11/2012

Caça aos Alienígenas em Tóquio. Ah! O Japão! - GANTZ

E se quando morrêssemos, fôssemos transportados para um apartamento junto de outras pessoas, e nesse apartamento não há móveis, somente uma esfera preta de cerca de 1,2m de diâmetro? E se na superfície dessa esfera aparecessem palavras dizendo que deveríamos matar alienígenas? Essa esfera abriria duas gavetas contendo armas e logo seríamos transportados para a fora do apartamento, na cidade e usássemos essas armas para destruir alienígenas? Ah o Japão! Fico feliz em ver um mangá com uma temática sanguinolenta e com violência gratuita. Mais feliz ainda quando é feita uma versão anime e um filme live action. Isto, meus camaradas, é GANTZ.


A premissa é basicamente a citada acima. Um jovem chamado Kei Kurono encontra o velho amigo  de escola, Katou, em uma estação de metrô ajudando um bêbado que caiu nos trilhos. Ao ajudá-lo a sair da linha do trem, Kei e seu amigo caem nos trilhos e ambos são aparentemente atropelados pelo trem. Aparentemente! Em um breve piscar de olhos, eles estão dentro de um apartamento sem nenhum móvel além da esfera negra – GANTZ –  e outras pessoas que partilharam de destinos semelhantes, a morte. GANTZ detém o poder sobre a vida destas pessoas, e convoca-as para caçar alienígenas que vivem na cidade de Tóquio.






Como eu disse, o filme GANTZ é baseado no mangá homônimo, que gerou também um anime. O Mangá ainda é lançado mas está prestes a terminar. Não falarei aqui sobre o mangá ou o anime, pois como as três mídias são desenvolvidas de modos diferentes, prestarei a analisar somente a versão cinematográfica.

Gantz em seu apartamento
Inicialmente, GANTZ – filme – segue a mesma premissa. Somos apresentados a um jovem – Kei Kurono – que estuda e está procurando emprego. Introspectivo e reservado, ignora o chamado do amigo Katou quando este pede ajuda para tirar o homem bêbado caído nos trilhos do trem. É interessante vermos que Kei junta-se à uma massa de pessoas que só sabem pedir ajuda e nada mais fazem. Ninguém desce junto aos trilhos para prestar socorro a Katou, mas quando este ergue o bêbado, algumas pessoas ajudam a puxá-lo para fora da linha. Aí temos um pequeno problema de desenvolvimento aliado a um problema de dinâmica que o filme infelizmente apresenta. Ninguém mais é capaz de puxar Katou para fora da linha do trem, mas quando Kei decide – antes tarde do que nunca – ajudar o velho amigo, desequilibra-se, cai nos trilhos e ambos são atropelados, depois de um longo tempo esperando para que o trem passe. Este é o problema de dinâmica, pois não só neste momento como em várias outras partes do filme, fatos que devem acontecer muito rapidamente demoram longos segundos em que o personagem nada faz além de ficar olhando e pensando se deve fazer isso ou aquilo para escapar de seu destino fatal.

Com uma piscada de olhos, Kei e Katou estão juntos de outras pessoas dentro do apartamento de GANTZ. Ali um diálogo se faz enquanto somos apresentados a outro protagonista, a jovem Kei Kishimoto, que é transportada para o apartamento desacordada, nua e molhada. Ao ser acordada, Katou cobre seu corpo nu com sua jaqueta e espanta um tarado, componente do grupo, fazendo com que a jovem garota se apaixone por seu defensor.

Quadro de Gantz que representa perfeitamente
o nível de violência do mangá
Junto dos outros personagens no apartamento, está o jovem Nishi, que sabe muito sobre GANTZ mas, por ser egoísta, guarda todos os conhecimentos que tem sobre o assunto.

GANTZ apresenta o alvo. Um ser alienígena de aparência infantil e estranha. Logo todos os participantes, depois de se armar com os equipamentos fornecidos por GANTZ, são transportados para as ruas de Tóquio para caçar o alienígena.

Por haverem vários personagens de diversos modos de vida e classes sociais, vemos a variedade de atitudes que as pessoas podem apresentar diante de uma situação desagradável como essa. Nishi, que é arrogante, egoísta e mentiroso, fala a todos que aquele na verdade é um programa de televisão e quem matar o alienígena ganha um prêmio em dinheiro. Vemos assim todos os participantes sairem correndo atrás do alienígena – que neste caso é uma criança – para destruí-lo e assim serem premiados. Todos menos os nossos três protagonistas. Quando a missão termina, os sobreviventes – sim, muitos morrem durante as missões – são transportados de volta para o apartamento onde GANTZ lhes dá uma pontuação uma pontuação que se acumulará à cada missão.

Tecnicamente falando, GANTZ é uma bela obra com efeitos digitais e especiais de dar inveja a muitos filmes de terror.  Artisticamente falando, ótimos cenários, figurino e maquiagem extremamente fiéis aos mangás - isso é realmente um dos melhores pontos. Como eu havia mencionado anteriormente, o fraco de GANTZ é o desenvolvimento dos personagens durante a narrativa. Longos planos monótonos e sem muito o que mostrar e alguns diálogos sem motivos de proveito para a narrativa. Pensando em um dos casos, tenho certeza que todos nós, diante da morte extremamente cruel e sanguinolenta de um completo estranho, não esboçaríamos a menor emoção, pois nem ao menos sabíamos que aquele infeliz existia até aquele momento. Já se nos depararmos com uma morte semelhante de um amigo, familiar ou simplesmente alguém que conhecemos e realmente nos importamos, deveríamos estar o mínimo chocados a ponto de pelo menos verter lágrimas de nossos olhos. Isso muitas vezes não acontece. Não se trata de uma falta de humanidade e comoção diante do assassinato de alguém, mas sim de pelo menos uma verossimilhança de algo tão chocante acontecer com alguém que está próximo e partilhando do seu mesmo destino.

Em um plano geral, GANTZ é um belo filme e muito bem construído – mesmo baseado no mangá – e muito bem adaptado, pois para fazer uma adaptação de cerca de trezentos capítulos de mangá em dois filmes - escreverei sobre o segundo filme em breve - não é algo que Hollywood consiga fazer tão facilmente. Qual é gente! Esse é o Japão! De lá só saem coisas de primeira linha! - Em sua grande maioria ao menos.


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GR Machado quer voltar a ler o mangá GANTZ, mas não tem coragem de assumir a leitura de quase 50 capítulos.

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