24/12/2011

Simon, Nick, Paul and Spoiler!

Dizem que o governo dos Estado Unidos já fez contato com seres extraterrestres e que todos os meios de comunicação (revistas, jornais, rádios, televisão e cinema) introduziram-nos uma cultura ficcional apresentando-nos estes seres extraterrestres, a mando do próprio governo dos EUA, para que possamos nos habituar com suas aparências e costumes até que eles sejam introduzidos à convivência social com os humanos. Há também a teoria de que Paul foi o principal inspirador de todas estas histórias de seres extraterrestres criadas para o entretenimento humano. Ao menos é sobre isso que se trata Paul.
Com um roteiro escrito pelos amigos e parceiros de longa data, Simon Pegg e Nick Frost, Paul narra a aventura de dois amigos ingleses (Pegg e Frost) que se aventuram pelo interior dos EUA a fim de visitar as locações dos maiores incidentes ufológicos da história. Seu passeio muda de rota quando os amigos encontram um extraterrestre apelidado carinhosamente de Paul, que fala um inglês fluente e desbocado, usa um bermudão para esconder seu órgão sexual “abaixo da média” de seu planeta, de acordo com o próprio Paul, fuma maconha e ajudou ninguém mais, ninguém menos do que Steven Spielberg a criar um de seus mais icônicos personagens, E.T.
Simon Pegg e Nick Frost são conhecidos por satirizarem categorias mais sérias de filmes, como os de ação em Hot Fuzz ou zumbis como em Shawn of the Dead (considerando filmes de zumbis sérios), desta vez os dois se aventuram em uma espécie de ficção científica cheia de referências e inspirações a grandes clássicos da própria ficção científica.
É um sentimento nostálgico quando os dois adentram um bar de beira de estrada com um conjunto de bluegrass tocando no palco, com violino, banjo, violão e contrabaixo, a música da Banda da Cantina de Mos Eisley de Star Wars. Ou então um flashback de Paul “trabalhando” para o governo, dando idéias para um filme sobre um extraterrestre que tem o poder de cura, para alguém do outro lado da linha do telefone, cujo desenvolvimento da idéia de tal extraterrestre culmina na habilidade de cura com a ponta do dedo brilhante. Os mais atentos às vozes dos grandes diretores de Holywood podem reconhecer de cara a voz do próprio Steven Spielberg, fazendo uma pontinha no filme, que para ele certamente deve ter sido bem divertido.
Não podemos deixar de notar algumas críticas dos próprios roteiristas descriminalizando o uso da maconha (um extraterrestre, certamente mais inteligente e mais pacífico do que os seres humanos, que fuma maconha é realmente uma propaganda inteligente de descriminalização), a desestimulação da crença da teoria do criacionismo e a libertação de dogmas e ideologias religiosas que prezam o celibato e a contenção de desabafos como gritar palavrões e transar sem compromisso.
Com um roteiro muito bem trabalhado do início ao fim, Pegg e Frost brincam com o espectador deixando pistas para seguirmos, umas verdadeiras e outras falsas. Além de piadas inteligentes e situações que nos deixam realmente apreensivos, sem nos dar pista de que o final será triste ou feliz. Definitivamente, assim como Shawn of the Dead, Hot Fuzz e outros filmes da dupla britânica, Paul é uma ótima aula de roteiro que, aliada com o bom humor colocado ao lado de assuntos relativamente sérios como o uso de drogas e questões religiosas, nos faz rir e pensar sobre o mundo que vivemos.
 sobre assuntos relacionados a extraterrestres, eu descobri que se fizermos contato com seres semelhantes ao Paul (baixos, cinzas de cabeça e olhos grandes), devemos correr como se o demônio estivesse atrás de nós. Mas certamente eu ficaria feliz se conhecesse um extraterrestre como Paul que fala bobagens, conta piadas, é adepto da filosofia “sexo, drogas e rock’n roll”.
Pra finalizar, uma pequena frase de Paul inspirada em um outro clássico do cinema de ficção científica. Quero ver quem acerta de qual filme é o original.
 “Dentes? Para onde vamos não precisamos de, dentes.” – Paul (2011)


19/12/2011

Premonição 5 - A morte não é o fim...

...porque se transformou numa franquia de relativo sucesso que retorce para se reinventar.
Premonição, ou "Final Destination", no original, foi um nova boa idéia surgida nas catacumbas do horror hollywoodiano no inicio da década passada. O primeiro filme, que surgiu no inicio da década passada, foi uma empreitada de relativo sucesso: possuía um idéia que se sustentava mais pela originalidade em si do que pela qualidade do roteiro. Não que fosse necessariamente mal escrito; ainda estava milhas à frente dos slashers capengas pós-Pânico, e se apoiava numa atmosfera absolutamente opressiva, lembrando de longe (com ênfase no "de longe”) filmes como "A Profecia".
Logo no segundo filme, todo o clima foi jogado pela janela em favor ao "terrir", que seguiu pelas sequências: a franquia se tornou, talvez demasiadamente cedo, muito auto-consciente do quanto era estapafúrdia. Mas qual filme de horror, ou de fantasia, não o é? Isso não impede de algumas das obras maiores desse gênero se levarem a sério; não há forma melhor de trazer o especador para dentro da história, facilitando a suspensão de descrença.
O fato é que, mesmo assim, "Premonição 2" é um filme divertido pelo que é, e considero, numa comparação geral, tão bom quanto o primeiro. Logo a franquia mergulhou em decadência com mais duas sequências sofríveis, permeada pela "novidade" do 3D, o que prejudicou bastante o impacto das mortes, principalmente para quem não assistia os filmes com a tecnologia.
O que nos leva ao quinto filme da série. Com roteiristas claramente se descabelando para trazer novos paradigmas ao tema da ceifadora que retorna para aparar as pontas de seu grande plano, "Premonição 5" peca por não decidir o que quer: Inicia como as outras sequências, com um clima engraçadinho, com direito a um personagem de alívio cômico que rouba tempo demais de tela para a mediocridade com a qual foi concebido; e piadas de humor negro sem qual resquício de inteligência. Isso tudo não seria um problema se o filme não tentasse, lá pelo meio, dar uma virada completa e querer ser levado à sério.
E isso também não seria difícil nas mãos de alguém talentoso; "Todo Mundo Quase Morto" está aí para provar isso. Mas as conclusões são estapafúrdias e fáceis demais; é como se os próprios personagens estivessem cientes que quem assiste já está mais do que careca de saber como funcionam os mecanismos básicos da série, como a ordem das mortes obedecerem a mesma ordem dos sonhos, tornando então as cenas expositivas em piadas, com personagens tendo epifanias a todo o momento, e magicamente compreendendo tudo sobre o "grande design da Morte". Inclusive a introdução de um novo conceito, essencial na trama, o torna mais patético do que já simplesmente porque é muito abrupta; o personagem tira a explicação literalmente do nada.
Mas, por mais que o filme tenha tomado caminhos decepcionantes quanto à narrativa geral, em outros momentos ele se torna equiparável ao original. As construções das cenas das mortes, no geral, são muito mais elaboradas quanto a fazer o espectador gerar suspeitas sobre qual será o destino dos personagens; diversos pistas falsas se desenvolvem simultaneamente durante as cenas, gerando uma tensão bem maior que a mera cadeia de eventos que culminavam numa morte que, mesmo que não óbvia (mas ridiculamente forçada, mesmo para os padrões da série), eram monótonas, como nos dois últimos filmes. Tendo em vista que a maior parte das pessoas assiste essa série apenas pelas mortes, fizeram aí um belo trabalho. Pena que supõe-se que isso dá carta branca para todo o resto ser escrito de maneira extremamente preguiçosa.
O final traz a sacada mais afinada do longa, que, apesar de ser previsível a partir do momento em que o ato começa a se desenrolar, deixa aquele gosto que senti no primeiro filme; da impiedosidade do destino, e que a morte é, de fato, inescapável. Eu simpatizo demais com a premissa dessa série; tem o potencial de explorar os nossos medos diários de mortes repentinas, não por doenças, às vezes nem sequer por assaltos ou violência gerada de um humano para outro; mas da morte aleatória, fria e sem rosto, do peso mortal da gravidade, das inexoráveis leis da física, da fragilidade do ser humano perante à basicamente tudo que o rodeia. Continuem brincando com isso (e sei que vão brincar; todos os episódios da série, até agora, foram lucrativos), mas não custa nada escrever um pouquinho melhor.

18/12/2011

As Centopeias Humanas



“Eu não suporto a raça humana” – Dr. Heiter

Muitas vezes também partilho desta opinião, mas certamente não teria as mesmas atitudes deste que podemos rotular como o clássico Cientista Louco das clássicas histórias onde o mocinho deve derrotá-lo. O interessante de A Centopeia Humana é que simplesmente ele é desprovido de mocinho. Pessoalmente, acredito que este é o único trunfo deste polêmico filme.

Basicamente em A Centopeia Humana, acompanhamos duas jovens turistas aproveitando as férias na Alemanha que são capturadas por um medico especialista em separação de gêmeos siameses, cuja nova obsessão é criar “gêmeos siameses”, utilizando três cobaias humanas que serão ligadas uma a outra pelo sistema digestivo.
Começando pela atuação, as duas atrizes que se perdem são horríveis, o que piora muito mais a situação clichê clássica de vítimas de assassinos seriais em que elas se perdem em uma estrada no meio de uma floresta, o carro estraga e elas são forçadas a caminhar na chuva, no meio do mato, até que encontram a casa do maníaco vilão. Constantemente as atrizes praguejam, gaguejam e repetem os nomes uma da outra tentando tornar o texto mais verossímil, onde assim mesmo acabam fracassando.
Temos os atores que fazem os policiais que mesmo aparecendo ao final do segundo ato do filme, não fazem nada para compensar o pouco tempo em tela, falando um texto decorado mecanicamente. O único que podemos distinguir uma boa atuação é o médico vilão, cuja própria personalidade torna a atuação dura mais realista.
O roteiro é pessimamente desenvolvido. As situações que levam as jovens até o médico são extremamente convenientes ao vilão. Mesmo com ele tendo praticamente um outdoor gigante escrito “vilão” em cima de sua casa, ninguém se dá conta da realidade, deixando tudo mais fácil para o médico que, mesmo estando tudo sob controle, acaba perdendo o controle de suas cobaias/vítimas que decidem reagir somente no último instante.
A Centopeia Humana está mais para um humor negro gore do que para um filme de terror em si. O mesmo não podemos dizer sobre sua continuação.
Já A Centopeia Humana 2 apresenta um universo onde seu predecessor não passa de um simples filme que inspirou nosso novo vilão a fazer uma centopéia humana com 12 pessoas.
Tom Six, diretor, produtor e roteirista de ambos os filmes, parece ter aprendido a lição quanto aos diálogos dos seus personagens anteriores e retirou todos os diálogos do novo vilão, cujos tormentos psicológicos devido aos abusos sexuais do próprio pai, levaram-no a ter uma certa aversão às pessoas (aversão semelhante ao vilão da primeira sequência).

Sem falas e atuando somente com gestos, incorporando os problemas psicológicos, a atuação é um pouco melhor do que os atores anteriores, mas ainda assim, até o final da primeira metade do filme, não deixa de ser um filme de humor negro gore, assim como o anterior, apresentando o vilão, sua obsessão pela centopéia humana e o instinto agressivo para com suas vítimas/cobaias para sua nova obra. Pessoas sendo capturadas à base de tiros nas pernas e golpes com pé-de-cabra na cabeça nos apresentam um maníaco disposto a tudo para realizar seu desejo.
A partir da segunda metade é que vemos realmente um filme de horror gore com violência gratuita. O vilão já tem suas doze vítimas nuas e devidamente amarradas em um galpão alugado especialmente para fazer seu trabalho. Partindo do pressuposto de que nosso novo vilão não tem conhecimento nenhum de medicina, e a única base para a criação da centopéia humana é um manual criado por ele mesmo com base na explicação que o vilão do primeiro filme dá às suas vítimas, temos certeza de que este não passa de um açougueiro pronto para cortar e grampear suas cobaias umas nas outras.
Novamente o fato de o vilão desta sequência não ter falas certamente faz com que a atuação não seja estragada com tentativas de verossimilhança semelhantes à primeira sequência. Lentamente o vilão quebra, corta e dilacera suas vítimas em planos explícitos com efeitos visuais bem melhores produzidos do que no primeiro filme, mas isso não melhora sua comparação com o primeiro.
Definitivamente A Centopeia Humana 2 é um filme muito mais controverso do que o primeiro. Os espectadores que gostaram do resultado do primeiro pelo fato de ser um filme diferente, controverso e violento, certamente irão gostar da sequência. Do mesmo jeito, os espectadores que não gostaram do primeiro filme exatamente pelo mesmo motivo, não percam seu tempo assistindo à continuação, pois a sanguinolência e violência gratuita são o real trunfo de um filme que não tem motivo nenhum para ser produzido.

15/12/2011

Apollo 18 (ou quase)

Há muito mais coisas entre o céu e a terra do que pensa nossa vã filosofia. Levando em consideração que o céu é o infindável espaço, Apollo 18 pode se enquadrar neste antigo ditado popular.
Seguindo a linha de filme composto de imagens gravadas com cameras simples para arquivo, assim como A Bruxa de Blair, Clooverfield e outros da mesma linha, Apollo 18 é composto de mais de 80 horas de material gravado em uma suposta missão secreta que para o resto do mundo, nunca aconteceu.
Somos apresentados a três astronautas que foram chamados repentinamente para uma missão secreta. Assim, vemos seus depoimentos antes da missão em imagens gravadas pela própria NASA, mescladas à imagens de arquivo de uma confraternização entre os três colegas e suas famílias.
Utilizando imagens de arquivo reais de missões  espaciais e imagens gravadas para o filme, o estilo documental, a narrativa segue a linha cronológica dos acontecimentos, desde os depoimentos dos astronautas no início do filme, passando pelo lançamento da Apollo 18, chegando ao climax e ao desfecho ainda no espaço.
Esse ambiente ajuda a criar um clima de suspense psicológico onde nos perguntamos “Que merda é aquela se mexendo entre as pedras?” e “Que porra é essa que levou a câmera embora?”.
Confesso que fiquei um tanto receoso antes de ver Apollo 18, pensando que possivelmente ele seguiria a idéia de outros filmes que insistem em mostrar o(s) ser(es) extraterrestre(s) no climax da narrativa, o que me faz desmerecer o filme de créditos pois os realizadores acabam apelando para a aparência dos extraterrestres. Temos como exeplo filmes como Sinais ou o remake de Guerra dos Mundos que utilizam pessimamente a imagem dos extraterrestres quando não se é necessário mostrá-los, acabando com a magia, suspense e seriedade do assinto. Contudo, a abordagem de Apollo 18, a narrativa linear e a apresentação dos seres lunares vão aos poucos nos preparando para um ser alienígena de forma não convencional, como as que estamos acostumados a relacionar suas aparências de cabeça e olhos grandes e membros finos. Tudo isso aliado à relação que a NASA de Apollo 18 tem com seus astronautas, mandando-os para uma missão praticamente suicida.
Para aqueles que gostam erroneamente de relacionar os filmes pelos nomes, comparando dois filmes por terem nomes semelhantes, não podemos relacionar Apollo 18 com Apollo 13, estrelado por Tom Hanks. São duas abordagens, narrativas, estéticas e estilos completamente diferentes, o que não necessariamente desmerece qualquer um dos dois pois ambos são ótimos com relação aos seus objetivos.
Aconselho fortemente aos fãs de ficção científica, de filmes estilo documentais e pessoas gostam de formar teorias de conspirações. Apollo 18 chega a acender uma chama de reavaliação de conceitos, fazendo os céticos a começar a pensar em teorias de conspirações, ou fazer com que os teóricos de conspiração pensem mais ceticamente sobre o assunto.

03/12/2011

Uma Sinfonia de Horror

Nosferatu foi, talvez, a primeira adaptação de um livro para o cinema. O livro é o mundialmente conhecido Drácula de Bram Stoker. Porém, por não ter sido autorizado por sua viúva, o nome do filme, dos personagens e dos locais foram todos modificados, mas assim mesmo, a história continuava a mesma, o que ocasionou a destruição de todas as cópias que fossem encontradas pela justiça, evitando qualquer violação dos direitos autorais do livro, que pertenciam à viúva de Bram Stoker. Contudo, muitas das cópias foram guardadas e ficaram escondidas até sua morte. Hoje, o filme pertence ao domínio público.
Nosferatu, de F. W. Murnau, é um clássico do expressionismo alemão, com um horror que ainda hoje é explorado com filmes de grandes orçamentos e efeitos especiais revolucionários. Embora Nosferatu seja de 1922, ele foi uma grande produção para a época, devido ao seu grande sucesso e aos efeitos especiais que eram novidade para o público da época. Cenas claustrofóbicas com o Conde Orlok (O Nosferatu)  aparecendo e desaparecendo pelos corredores de seu castelo, seus dedos longos e finos que causam arrepios ao serem vistos somente em sombras na parede, efeitos em stop-motion para representar seus poderes “sobrenaturais” de movimentar os objetos com sua mente. Fico imaginando as senhoras e senhoritas daquela época, fechando os olhos quando o Conde Orlok aparece na porta do quarto do seu castelo, onde Thomas Hutter está hospedado. Com certeza, eu não conseguiria nem dormir se eu vivesse naquela época e tivesse visto esta maravilhosa obra. Para mim, esta é uma das cenas mais perturbadoras de todos os filmes que já vi.
Em 1979, foi lançado Nosferatu: Phantom der Nacht, remake do clássico de F. W. Murnau, mas que obteve tanto sucesso quanto muitos outros filmes sobre vampiros feitos até hoje, em que dentre estes já feitos, destacam-se Dracula (1958), com os mestres do cinema (e grandes amigos) Peter Cushing e Christopher Lee (Doutor Van Helsing e Conde Drácula respectivamente); Bram Stoker's Dracula (1992), Gary Oldman, Winona Ryder, Keanu Reeves e Antony Hopkins (Vlad Tepes / Drácula, Elisabetha / Mina, Jonathan Harker e Abraham Van Helsing respectivamente); Interview with the Vampire: The Vampire Chronicles (1994), com Tom Cruise, Brad Pitt e Antonio Banderas (Lestat de Lioncourt, Louis de Pointe du Lac e Armand respectivamente), entre muitos outros que exploram todo o mito por trás dos vampiros.
Vampiros são hoje, uma boa fonte de cultura, diversão, imaginação e medo, isso devido aos livros, filmes, quadrinhos e jogos de videogame e RPG, que foram todos inspirados, não somente na fantástica história de Bram Stoker, mas também da influência artística proporcionada por Nosferatu.
Curiosidade:
Alguém sabe de onde veio a inspiração de Michael Jackson em um de seus clássicos passes no clipe Thriller? Aquele em que ele ergue um braço, com os dedos estendidos, um pouco acima do outro, ambos virados para o mesmo lado, enquanto Jackson olha para frente e canta?
Ele foi baseado em uma cena que nunca foi lembrada quando se falou do filme. Ela marca a parte final da obra, quando Conde Orlok se retira de sua nova residência, em frente à casa dos Hutter e vai à casa de seus vizinhos para saciar sua sede de sangue com o belo pescoço de Ellen Hutter. Esta cena se passa a cerca do minuto 86 do filme.
Termino esta postagem com um desenho que meu amigo Rodrigo Reis fez em homenagem a essa magnífica obra. Segue seu blog/portifólio: http://rodrigobreis.carbonmade.com/

27/11/2011

The Sunset Limited

A vida não é um conto de fadas. Não existem princesas, príncipes ou finais felizes. O fim nunca é feliz. E sim! Tudo tem um fim.
Tommy Lee Jones é Branco e ateu convicto. Samuel L. Jackson é Preto e católico fervoroso. Coloque ambos em uma sala de um apartamento trancado, para que cada um exponha sua opinião sobre a vida, e a morte. O meio e o fim.
Dirigido por Tommy Lee Jones e roteiro adaptado pelo próprio autor do livro homônimo, Cormac McCarthy expõe uma opinião que é compartilhada por pouquíssimas pessoas neste mundo triste que vivemos. Dentro da sala, somos espectadores de uma longa conversa sobre bondade, maldade, honestidade, falsidade e inúmeros outros conceitos que levamos durante nossas vidas até a nossa morte.
Lentamente nos envolvemos com as histórias de vida e motivos do por que cada um passou a levar a vida que tem agora. Infelizmente essa lentidão deve-se a divagações passadas tão rapidamente que até perdemos a linha de raciocínio, mas que logo podemos voltar a acompanhá-la em uma divagação posterior que sempre tem como plano de fundo, a tentativa de entender as crenças de cada um e uma tentativa quase sempre inútil de um tentar fazer com que o outro entenda o seu lado. Lados completamente opostos, assim como a religiosidade e o ateísmo. Assim como o Preto e o Branco.
A contravenção do nome em relação à sua crença nos mostra que podemos fisicamente representar uma realidade, mas psicologicamente podemos ser completamente diferentes, o exato contrário. O Preto e a luz contra o Branco e a escuridão.
Durante toda a conversa, podemos mudar nossos pontos de vista sobre cada assunto a cada vez que Preto e Branco falam, mas somente um tem a resposta das perguntas. De duas opiniões diferentes, somente um sairá convicto de suas crenças. Quem será? Preto ou Branco.

19/11/2011

R.E.C.

A ideia principal de REC (2008) não é nova. Um grupo de pessoas deve sobreviver aos ataques de um bando de zumbis sedentos por sangue e carne humana. Os planos subjetivos são relativamente novas, porém já bastante utilizados em filmes como Blair Witch (1999) ou Clooverfield (2007). Contudo, a história, envolvendo atores pouco conhecidos e não atores, aliados aos planos subjetivos, levam o espectador a viver junto dos protagonistas a claustrofóbica noite em um prédio isolado, junto de pessoas normais vivendo uma terrível experiência de medo e sobrevivência.
REC conta a história de uma dupla de jornalistas, Ângela Vidal e seu câmera Pablo, que estão gravando uma reportagem para um programa noturno, sobre o trabalho dos bombeiros durante o turno noturno, quando os bombeiros recebem um chamado. Em um prédio antigo, os inquilinos dizem ter ouvido gritos de uma vizinha que dizem ser louca. A equipe de bombeiros, mais dois policiais, estão atendendo o chamado, tendo todas as suas ações registradas pela câmera de Pablo.
Aos primeiros minutos, REC não passa de uma versão não editada de uma reportagem (o que de fato é para parecer durante o filme todo), mas, assim como diz um dos bombeiros entrevistados da repórter, cerca de 70% dos chamados não são para apagar algum incêndio ou salvar algum gatinho indefeso que se refugiou no topo de uma árvore, e com certeza esse filme conta a história do 0,00...1% das vezes em que os bombeiros enfrentam zumbis. Isso (logicamente) o torna diferente de uma reportagem ou documentário.
A ideia original, juntamente com a trama, planos subjetivos e em seqüência (alguns planos podem durar até 10 minutos), mais a atuação de atores profissionais podem fazer desse filme apenas mais um filme de zumbis, onde pessoas tem de sobreviver ao ataque dos mortos vivos, mas certamente ele será lembrado, já que duas coisas contam muito ao seu favor: seus planos subjetivos e simplesmente o fato de ele ser espanhol.
São literalmente 85 minutos de um documentário que mostra uma história em que muitos espectadores gostariam de viver (ou não).
É delirante. É assustador. É REC.

11/11/2011

Global "Mother Fuker Heavy" Metal!

A música faz parte do convívio social da humanidade desde a pré-história e, até hoje, mesmo sendo simplesmente uma música, certas obras musicais nos fazem ter as mais diversas sensações. Ouvimos músicas diferentes, com estilos diferentes relacionados aos nossos diferentes sentimentos que temos com relação ao mundo em que vivemos. Nossas paixões, nossas alegrias e nossas raivas são afloradas ou amenizadas com esta arte.
Global Metal é uma continuação direta do documentário dos mesmos diretores, Metal: A Headbanger’s Journey que conta a história do Heavy Metal, desde sua criação, passando pelos maiores ídolos do gênero e chegando às novas bandas da atualidade. Com o objetivo de encontrar as principais influências do Heavy Metal e a(s) primeira(s) bandas que o representam, fazemos uma viagem ao passado, descobrindo quais são as maiores influências dos maiores ídolos dos Headbanger’s.
No documentário Global Metal, escrito e dirigido por Sam Dunn e Scot McFadyen, vemos a influência do Heavy Metal, um gênero musical relativamente novo e alvo de preconceito pela maioria dos grupos sociais, em países de terceiro mundo que raramente ou nunca foram agraciados com visitas dos maiores ídolos do Heavy Metal mundial, e que provavelmente nunca os receberão.
Sam Dunn viaja por Brasil, Japão (este não necessariamente de terceiro mundo, mas com uma forte adimiração pela cultura occidental e uma grande cena Metal nas grandes cidades japonesas), India, China, Indonésia, Israel e Emirados Árabes, países que englobam a América Latina, Ásia e Europa Oriental.
A busca de informações de como o Heavy Metal influenciou os jovens destes países considerados de terceiro mundo, mostra-nos não só suas histórias de como ouviram pela primeira vez uma música do estilo Heavy Metal, mas mostra também qual a posição dos governos destes países que na maioria dos casos é extremamente conservadora. Histórias de proibições de importação de produtos relacionados à musica em governos ditatoriais, a repulsa da própria sociedade conservadora e até mesmo os altos valores devido as taxas exorbitantes de produtos relacionados à música e mais especificamente o próprio Heavy Metal.
Em uma estrutura de documentário clássico, acompanhamos o diretor e antropólogo Sam Dunn viajando por estes países e entrevistando pessoas cuja vida foi mudada pela influência do Heavy Metal, que foi descoberto por estas pessoas na grande maioria de modo ilegal ou, quando legalmente, a custos exorbitantes. As entrevistas são interligadas por imagens das grandes cidades destes países, mostrando seus ambientes típico e conservadores, fazendo um contraponto à imagens que mostram pessoas com o típico estereótipos headbangers, de cabelos compridos, roupa preta e acessórios de metal e couro. Estes mesmos nascidos em países cujos homens devem ter cabelo curto e suas roupas típicas consistem em tecidos coloridos e acessórios relacionados diretamente às suas remotas culturas e religiões.
Paralelamente à linha que o documentário segue, vemos entrevistas de ídolos do Heavy Metal falando de suas experiências nestes mesmos países enquanto são passadas imagens de shows ou da própria comunidade “metaleira” em grupos introduzidos num ambiente completamente diferente aos seus estilos e ideologias. Tudo isso ligado com uma narração em off do próprio diretor que nos guia em uma jornada para conhecer os ídolos do Heavy Metal, seus fãs e seus países que não possuem sequer o mínimo de influência do estilo Heavy Metal na sociedade, salvo estes fãs que contornam as dificuldades e compraram os álbuns, camisetas, bandeiras e outros objetos de suas bandas favoritas, além dos acessórios típicos de um verdadeiro headbanger.
A câmera guia-nos em uma linha de raciocínio não definida logicamente. Somos simplesmente levados para os países, e nestes seguimos por uma linha histórica não só a partir de um grupo socialmente definido, os headbangers, como individualmente, pelos próprios integrantes deste grupo. “O documentário, antes de tudo, é definido pela intenção de seu autor de fazer um documentário (intenção social, manifestada na indexação da obra, conforme percebida pelo espectador). Podemos destacar como próprios à narrativa documentária: presença de locução (voz over), presença de entrevistas ou depoimentos, utilização de imagens de arquivo, rara utilização de atores profissionais, intensidade particular da dimensão da tomada”*.
*RAMOS (Fernão Pessoa) – Mas afinal... O que é Documentário?, Ed. Senac, 2008
O estilo clássico do documentário torna-o mais simples e direto de ser compreendido e analisado. A fácil e dinâmica apresentação histórica do Heavy Metal nestes países é nos passado com uma desenvoltura simples e direta, de modo a proporcionar aos espectadores um envolvimento mais próximo e íntimo com o próprio Heavy Metal, seus fãs e nossos maiores ídolos.
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