O fato de Jerry Seinfeld e Larry
David serem ambos humoristas, foi altamente benéfico para o desenvolvimento do
seriado. O texto de um humorista stand-up é quase sempre baseado em
acontecimentos do cotidiano, o que eram basicamente todas as tramas dos
episódios. Tentando mostrar uma outra faceta do humor stand-up – o stand-up
comedy é altamente difundido na televisão norte americana, onde apresentam
programas especiais de shows de humoristas na programação – representando em
cada episódio, exatamente o que o humorista apresentaria de forma narrada no
palco. Pode-se entender que Seinfeld é uma espécie de dramatização de uma
comédia em pé que os humoristas apresentam em bares e teatros.
Por durante sete temporadas, cada
episódio era introduzido por um pequeno trecho de uma apresentação de Jerry,
fazendo piadas sobre algo que será tratado a seguir no episódio (ou
dramatização da apresentação). Em alguns episódios, a apresentação de Jerry no
bar está inserida na trama, como parte da história que está sendo narrada. Esta
inserção durante as sete das nove temporadas se deve à permanência de Larry
David, que além de criador e roteirista, era produtor do seriado e impunha essa
excentricidade à sua criação, que certamente não era contestada por Jerry
porque era algo realmente engraçado, uma espécie de “esquenta” de cada
episódio, sem a necessidade de piadas forçadas com risadas de um público falso,
que tanto atormenta o espectador dos seriados atuais onde somos obrigados a rir
em todos os momentos em que aquelas malditas risadas aparecem.
Curiosamente, exatamente na
oitava temporada, em que Larry David já não fazia mais parte da equipe de
produção de Seinfeld, as introduções stand-up de Jerry cessaram, mostrando que
possivelmente já não era mais vontade de Jerry, introduzir esta parte do
episódio e partindo direto para a trama.
É interessante observar que os
episódios de Seinfeld raramente apresentam uma só trama, assim como a grande
maioria dos seriados humorísticos. No entanto, o que difere Seinfeld destes
outros seriados, em questão de roteiro, é o fato de haverem duas ou mais tramas
durante um episódio, cujo cada personagem está envolvido em uma trama diferente
e o resultado de suas ações em sua trama interfere, direta ou indiretamente, na
trama do outro personagem, fazendo com que as próprias tramas interfiram umas
nas outras em vários pontos do episódio. Esta é uma característica de roteiro
que dificilmente vemos nas sitcoms atuais. Elas praticamente sempre
tem mais de uma trama, mas quase nunca uma interage com a outra, o que Seinfeld
provou ser uma genialidade, tanto em questões de roteiro quanto em questões
humorísticas.
Durante as três primeiras
temporadas é possível notar nos enredos dos episódios uma narrativa sem
referências a outros personagens ou fatos ocorridos em outros episódios,
concentrando-se somente no desenvolvimento dos próprios personagens,
apresentando-os para os espectadores. Mesmo com roteiros seguindo linhas
narrativas diferentes em um mesmo episódio, existe uma intimidade constante
entre os protagonistas que representam uma espécie de “família”, se compararmos
com as outras sitcoms com uma família como núcleo principal. A
diferença é que em Seinfeld, o termo “politicamente correto” não existe.
A partir da quarta temporada é
que podemos ver as referências a episódios anteriores, a personagens daquele
universo e o próprio passado dos protagonistas, que foram apresentados em
episódios da primeira, segunda e terceira temporada. Hoje em dia, os seriados
humorísticos alcançam o nível de intimidade entre o espectador e o personagem
muito rápido, num tempo que cobre uma ou duas temporadas. No caso de Seinfeld,
esta intimidade e reconhecimento sobre os personagens por parte dos
espectadores começou a partir da quarta temporada. Mas tendo em vista que os
seriados de hoje tem cerca de vinte e quatro episódios por temporada, Seinfeld
atingiu este nível de intimidade praticamente no mesmo número de episódios,
pois a primeira temporada de Seinfeld compreende cinco episódios, a segunda
temporada com doze episódios e a terceira com dezenove. Quanto a integração do
universo de Seinfeld, com referências a outros personagens e acontecimentos de
outros episódios é uma característica segue-se até o final da série, cujo último
episódio é uma grande referência e homenagem a todos os personagens que
apareceram no seriado. Todos eles estão presentes no episódio final para a
“piada final” de Seinfeld.
Enfim...
Hoje em dia, Seinfeld é
considerada uma das melhores séries televisivas de todos os tempos, estando no
topo ou entre os melhores programas de televisão de diversas listas
especializadas no assunto.
Seinfeld foi a primeira sitcom a
pagar salários milionários para os atores e continua até hoje. Mesmo passados
mais de dez anos desde seu último episódio, continua a render milhões de
dólares em compras de direitos de exibição em emissoras de televisão do mundo
todo. É engraçado como o “nada” pode gerar muito dinheiro.
Caraca, Seinfeld é minha serie favorita, acho que nada se compara, eu já assisti todas as temporadas, mas infelizmente só tenho as 2 primeiras em casa. E lhe digo, Seinfeld é que nem Chaves, o cara não se cansa de assistir. Acho que a ideia de criar uma serie baseada no "nada" é maior genialidade disso tudo.
ResponderExcluirE quem não lembra da sopa do Nazista? Demais cara! E o Kramer jogando golfe no meio do corredor hahahahhaha. Esse texto me incentivou a comprar todas as temporadas agora :D
Abrass GR