Kill List, de 2011, do diretor
Ben Wheatley, é uma obra que utiliza de toda a força e toda a liberdade do
cinema independente a seu favor. Longe de ser uma obra experimental, o filme se
apodera de vários artifícios pouco ortodoxos para alavancar a trama.
Somos apresentados primeiro à
vida do protagonista, Jay, com uma longa sequência de cenas de teor familiar,
que aos poucos ajudam a construir uma incômoda imagem de que aquelas pessoas,
que convivem com discussões e problemas como todos nós, são algo bem mais
sombrio do que aparentam ser.
A frieza necessária para o
protagonista levar a cabo a lista do título se revela em momentos bem
pontuados, como a sua indiferença em simplesmente fritar as entranhas de coelho
que misteriosamente aparecem, vez ou outra, em seu quintal . Cena que,
inclusive, faz parte de um grande leque de momentos desconcertantes e
aparentemente sem explicação.
O filme utiliza-se bem da câmera
na mão, trazendo a estranheza causada pela técnica sem jamais tornar as imagens
borrões. Quando de fato acontecem movimentos mais rápidos com a mesma, são em
momentos perto do clímax do longa, e servem para ajudar na desorientação do
espectador.
A montagem e o desenho de som
também merecem um comentário a parte. O filme é construído de maneira quase episódica,
com poucos momentos de calma, e é comum haver inserções de “black” absoluto
entre uma parte e outra. Em outros momentos, como por exemplo, na preparação de
Jay e de seu companheiro para “lidarem” com outro membro da lista, o som
simplesmente explode em notas dissonantemente macabras, nos fazendo perceber
cada vez mais a verdadeira (e aterradora) natureza de tudo.
Escrevendo sobre este filme, o
faço de forma deliberadamente vaga quanto aos detalhes da trama. Mas é por um
motivo: Kill List é exatamente do tipo de filme que é melhor vermos às cegas,
sem nem sequer ler uma sinopse. Como uma forma de descrição do filme, posso
apenas falar que ele me fez lembrar levemente de obras como “O Homem De Palha”,
“Coração Satânico”, “Alucinações Do Passado” e tantos outros filmes que tratam
da descida do homem ao abismo.
O máximo que posso fazer é
recomendar, já deixando claro que não é o tipo de filme que carrega o
espectador pela mão e se perde com cenas expositivas. Segue o trailer (com uma
amostra do clima sufocante que os espera):
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