02/03/2012

Kill List


Kill List, de 2011, do diretor Ben Wheatley, é uma obra que utiliza de toda a força e toda a liberdade do cinema independente a seu favor. Longe de ser uma obra experimental, o filme se apodera de vários artifícios pouco ortodoxos para alavancar a trama.
Somos apresentados primeiro à vida do protagonista, Jay, com uma longa sequência de cenas de teor familiar, que aos poucos ajudam a construir uma incômoda imagem de que aquelas pessoas, que convivem com discussões e problemas como todos nós, são algo bem mais sombrio do que aparentam ser.
A frieza necessária para o protagonista levar a cabo a lista do título se revela em momentos bem pontuados, como a sua indiferença em simplesmente fritar as entranhas de coelho que misteriosamente aparecem, vez ou outra, em seu quintal . Cena que, inclusive, faz parte de um grande leque de momentos desconcertantes e aparentemente sem explicação.
O filme utiliza-se bem da câmera na mão, trazendo a estranheza causada pela técnica sem jamais tornar as imagens borrões. Quando de fato acontecem movimentos mais rápidos com a mesma, são em momentos perto do clímax do longa, e servem para ajudar na desorientação do espectador.
A montagem e o desenho de som também merecem um comentário a parte. O filme é construído de maneira quase episódica, com poucos momentos de calma, e é comum haver inserções de “black” absoluto entre uma parte e outra. Em outros momentos, como por exemplo, na preparação de Jay e de seu companheiro para “lidarem” com outro membro da lista, o som simplesmente explode em notas dissonantemente macabras, nos fazendo perceber cada vez mais a verdadeira (e aterradora) natureza de tudo.
Escrevendo sobre este filme, o faço de forma deliberadamente vaga quanto aos detalhes da trama. Mas é por um motivo: Kill List é exatamente do tipo de filme que é melhor vermos às cegas, sem nem sequer ler uma sinopse. Como uma forma de descrição do filme, posso apenas falar que ele me fez lembrar levemente de obras como “O Homem De Palha”, “Coração Satânico”, “Alucinações Do Passado” e tantos outros filmes que tratam da descida do homem ao abismo.
O máximo que posso fazer é recomendar, já deixando claro que não é o tipo de filme que carrega o espectador pela mão e se perde com cenas expositivas. Segue o trailer (com uma amostra do clima sufocante que os espera):

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...