24/12/2011

Simon, Nick, Paul and Spoiler!

Dizem que o governo dos Estado Unidos já fez contato com seres extraterrestres e que todos os meios de comunicação (revistas, jornais, rádios, televisão e cinema) introduziram-nos uma cultura ficcional apresentando-nos estes seres extraterrestres, a mando do próprio governo dos EUA, para que possamos nos habituar com suas aparências e costumes até que eles sejam introduzidos à convivência social com os humanos. Há também a teoria de que Paul foi o principal inspirador de todas estas histórias de seres extraterrestres criadas para o entretenimento humano. Ao menos é sobre isso que se trata Paul.
Com um roteiro escrito pelos amigos e parceiros de longa data, Simon Pegg e Nick Frost, Paul narra a aventura de dois amigos ingleses (Pegg e Frost) que se aventuram pelo interior dos EUA a fim de visitar as locações dos maiores incidentes ufológicos da história. Seu passeio muda de rota quando os amigos encontram um extraterrestre apelidado carinhosamente de Paul, que fala um inglês fluente e desbocado, usa um bermudão para esconder seu órgão sexual “abaixo da média” de seu planeta, de acordo com o próprio Paul, fuma maconha e ajudou ninguém mais, ninguém menos do que Steven Spielberg a criar um de seus mais icônicos personagens, E.T.
Simon Pegg e Nick Frost são conhecidos por satirizarem categorias mais sérias de filmes, como os de ação em Hot Fuzz ou zumbis como em Shawn of the Dead (considerando filmes de zumbis sérios), desta vez os dois se aventuram em uma espécie de ficção científica cheia de referências e inspirações a grandes clássicos da própria ficção científica.
É um sentimento nostálgico quando os dois adentram um bar de beira de estrada com um conjunto de bluegrass tocando no palco, com violino, banjo, violão e contrabaixo, a música da Banda da Cantina de Mos Eisley de Star Wars. Ou então um flashback de Paul “trabalhando” para o governo, dando idéias para um filme sobre um extraterrestre que tem o poder de cura, para alguém do outro lado da linha do telefone, cujo desenvolvimento da idéia de tal extraterrestre culmina na habilidade de cura com a ponta do dedo brilhante. Os mais atentos às vozes dos grandes diretores de Holywood podem reconhecer de cara a voz do próprio Steven Spielberg, fazendo uma pontinha no filme, que para ele certamente deve ter sido bem divertido.
Não podemos deixar de notar algumas críticas dos próprios roteiristas descriminalizando o uso da maconha (um extraterrestre, certamente mais inteligente e mais pacífico do que os seres humanos, que fuma maconha é realmente uma propaganda inteligente de descriminalização), a desestimulação da crença da teoria do criacionismo e a libertação de dogmas e ideologias religiosas que prezam o celibato e a contenção de desabafos como gritar palavrões e transar sem compromisso.
Com um roteiro muito bem trabalhado do início ao fim, Pegg e Frost brincam com o espectador deixando pistas para seguirmos, umas verdadeiras e outras falsas. Além de piadas inteligentes e situações que nos deixam realmente apreensivos, sem nos dar pista de que o final será triste ou feliz. Definitivamente, assim como Shawn of the Dead, Hot Fuzz e outros filmes da dupla britânica, Paul é uma ótima aula de roteiro que, aliada com o bom humor colocado ao lado de assuntos relativamente sérios como o uso de drogas e questões religiosas, nos faz rir e pensar sobre o mundo que vivemos.
 sobre assuntos relacionados a extraterrestres, eu descobri que se fizermos contato com seres semelhantes ao Paul (baixos, cinzas de cabeça e olhos grandes), devemos correr como se o demônio estivesse atrás de nós. Mas certamente eu ficaria feliz se conhecesse um extraterrestre como Paul que fala bobagens, conta piadas, é adepto da filosofia “sexo, drogas e rock’n roll”.
Pra finalizar, uma pequena frase de Paul inspirada em um outro clássico do cinema de ficção científica. Quero ver quem acerta de qual filme é o original.
 “Dentes? Para onde vamos não precisamos de, dentes.” – Paul (2011)


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...