18/12/2011

As Centopeias Humanas



“Eu não suporto a raça humana” – Dr. Heiter

Muitas vezes também partilho desta opinião, mas certamente não teria as mesmas atitudes deste que podemos rotular como o clássico Cientista Louco das clássicas histórias onde o mocinho deve derrotá-lo. O interessante de A Centopeia Humana é que simplesmente ele é desprovido de mocinho. Pessoalmente, acredito que este é o único trunfo deste polêmico filme.

Basicamente em A Centopeia Humana, acompanhamos duas jovens turistas aproveitando as férias na Alemanha que são capturadas por um medico especialista em separação de gêmeos siameses, cuja nova obsessão é criar “gêmeos siameses”, utilizando três cobaias humanas que serão ligadas uma a outra pelo sistema digestivo.
Começando pela atuação, as duas atrizes que se perdem são horríveis, o que piora muito mais a situação clichê clássica de vítimas de assassinos seriais em que elas se perdem em uma estrada no meio de uma floresta, o carro estraga e elas são forçadas a caminhar na chuva, no meio do mato, até que encontram a casa do maníaco vilão. Constantemente as atrizes praguejam, gaguejam e repetem os nomes uma da outra tentando tornar o texto mais verossímil, onde assim mesmo acabam fracassando.
Temos os atores que fazem os policiais que mesmo aparecendo ao final do segundo ato do filme, não fazem nada para compensar o pouco tempo em tela, falando um texto decorado mecanicamente. O único que podemos distinguir uma boa atuação é o médico vilão, cuja própria personalidade torna a atuação dura mais realista.
O roteiro é pessimamente desenvolvido. As situações que levam as jovens até o médico são extremamente convenientes ao vilão. Mesmo com ele tendo praticamente um outdoor gigante escrito “vilão” em cima de sua casa, ninguém se dá conta da realidade, deixando tudo mais fácil para o médico que, mesmo estando tudo sob controle, acaba perdendo o controle de suas cobaias/vítimas que decidem reagir somente no último instante.
A Centopeia Humana está mais para um humor negro gore do que para um filme de terror em si. O mesmo não podemos dizer sobre sua continuação.
Já A Centopeia Humana 2 apresenta um universo onde seu predecessor não passa de um simples filme que inspirou nosso novo vilão a fazer uma centopéia humana com 12 pessoas.
Tom Six, diretor, produtor e roteirista de ambos os filmes, parece ter aprendido a lição quanto aos diálogos dos seus personagens anteriores e retirou todos os diálogos do novo vilão, cujos tormentos psicológicos devido aos abusos sexuais do próprio pai, levaram-no a ter uma certa aversão às pessoas (aversão semelhante ao vilão da primeira sequência).

Sem falas e atuando somente com gestos, incorporando os problemas psicológicos, a atuação é um pouco melhor do que os atores anteriores, mas ainda assim, até o final da primeira metade do filme, não deixa de ser um filme de humor negro gore, assim como o anterior, apresentando o vilão, sua obsessão pela centopéia humana e o instinto agressivo para com suas vítimas/cobaias para sua nova obra. Pessoas sendo capturadas à base de tiros nas pernas e golpes com pé-de-cabra na cabeça nos apresentam um maníaco disposto a tudo para realizar seu desejo.
A partir da segunda metade é que vemos realmente um filme de horror gore com violência gratuita. O vilão já tem suas doze vítimas nuas e devidamente amarradas em um galpão alugado especialmente para fazer seu trabalho. Partindo do pressuposto de que nosso novo vilão não tem conhecimento nenhum de medicina, e a única base para a criação da centopéia humana é um manual criado por ele mesmo com base na explicação que o vilão do primeiro filme dá às suas vítimas, temos certeza de que este não passa de um açougueiro pronto para cortar e grampear suas cobaias umas nas outras.
Novamente o fato de o vilão desta sequência não ter falas certamente faz com que a atuação não seja estragada com tentativas de verossimilhança semelhantes à primeira sequência. Lentamente o vilão quebra, corta e dilacera suas vítimas em planos explícitos com efeitos visuais bem melhores produzidos do que no primeiro filme, mas isso não melhora sua comparação com o primeiro.
Definitivamente A Centopeia Humana 2 é um filme muito mais controverso do que o primeiro. Os espectadores que gostaram do resultado do primeiro pelo fato de ser um filme diferente, controverso e violento, certamente irão gostar da sequência. Do mesmo jeito, os espectadores que não gostaram do primeiro filme exatamente pelo mesmo motivo, não percam seu tempo assistindo à continuação, pois a sanguinolência e violência gratuita são o real trunfo de um filme que não tem motivo nenhum para ser produzido.

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