Dizem que o governo dos Estado
Unidos já fez contato com seres extraterrestres e que todos os meios de
comunicação (revistas, jornais, rádios, televisão e cinema) introduziram-nos
uma cultura ficcional apresentando-nos estes seres extraterrestres, a mando do
próprio governo dos EUA, para que possamos nos habituar com suas aparências e
costumes até que eles sejam introduzidos à convivência social com os humanos.
Há também a teoria de que Paul foi o principal inspirador de todas estas
histórias de seres extraterrestres criadas para o entretenimento humano. Ao
menos é sobre isso que se trata Paul.
Com um roteiro escrito pelos
amigos e parceiros de longa data, Simon Pegg e Nick Frost, Paul narra a
aventura de dois amigos ingleses (Pegg e Frost) que se aventuram pelo interior
dos EUA a fim de visitar as locações dos maiores incidentes ufológicos da
história. Seu passeio muda de rota quando os amigos encontram um extraterrestre
apelidado carinhosamente de Paul, que fala um inglês fluente e desbocado, usa
um bermudão para esconder seu órgão sexual “abaixo da média” de seu planeta, de
acordo com o próprio Paul, fuma maconha e ajudou ninguém mais, ninguém menos do
que Steven Spielberg a criar um de seus mais icônicos personagens, E.T.
Simon Pegg e Nick Frost são conhecidos
por satirizarem categorias mais sérias de filmes, como os de ação em Hot Fuzz
ou zumbis como em Shawn of the Dead (considerando filmes de zumbis sérios),
desta vez os dois se aventuram em uma espécie de ficção científica cheia de
referências e inspirações a grandes clássicos da própria ficção científica.
É um sentimento nostálgico quando
os dois adentram um bar de beira de estrada com um conjunto de bluegrass
tocando no palco, com violino, banjo, violão e contrabaixo, a música da Banda
da Cantina de Mos Eisley de Star Wars. Ou então um flashback de Paul
“trabalhando” para o governo, dando idéias para um filme sobre um
extraterrestre que tem o poder de cura, para alguém do outro lado da linha do
telefone, cujo desenvolvimento da idéia de tal extraterrestre culmina na
habilidade de cura com a ponta do dedo brilhante. Os mais atentos às vozes dos
grandes diretores de Holywood podem reconhecer de cara a voz do próprio Steven
Spielberg, fazendo uma pontinha no filme, que para ele certamente deve ter sido
bem divertido.
Não podemos deixar de notar
algumas críticas dos próprios roteiristas descriminalizando o uso da maconha
(um extraterrestre, certamente mais inteligente e mais pacífico do que os seres
humanos, que fuma maconha é realmente uma propaganda inteligente de
descriminalização), a desestimulação da crença da teoria do criacionismo e a
libertação de dogmas e ideologias religiosas que prezam o celibato e a
contenção de desabafos como gritar palavrões e transar sem compromisso.
Com um roteiro muito bem
trabalhado do início ao fim, Pegg e Frost brincam com o espectador deixando
pistas para seguirmos, umas verdadeiras e outras falsas. Além de piadas
inteligentes e situações que nos deixam realmente apreensivos, sem nos dar
pista de que o final será triste ou feliz. Definitivamente, assim como Shawn of
the Dead, Hot Fuzz e outros filmes da dupla britânica, Paul é uma ótima aula de
roteiro que, aliada com o bom humor colocado ao lado de assuntos relativamente
sérios como o uso de drogas e questões religiosas, nos faz rir e pensar sobre o
mundo que vivemos.
sobre assuntos relacionados a extraterrestres, eu descobri
que se fizermos contato com seres semelhantes ao Paul (baixos, cinzas de cabeça
e olhos grandes), devemos correr como se o demônio estivesse atrás de nós. Mas
certamente eu ficaria feliz se conhecesse um extraterrestre como Paul que fala
bobagens, conta piadas, é adepto da filosofia “sexo, drogas e rock’n roll”.
Pra finalizar, uma pequena frase
de Paul inspirada em um outro clássico do cinema de ficção científica. Quero
ver quem acerta de qual filme é o original.
“Dentes? Para onde vamos não precisamos de, dentes.” – Paul
(2011)