31/07/2012

Cell Count - Interview with Todd E. Freeman

            It has been more than two months since the last Fantaspoa, but the festival is still talked about. That's because in the end of the festival, Cell Count, a movie by north-american director Todd E. Freeman, was shown, in it's world premiere.
            Cinema Arregaçado saw the movie in the festival's closing session, when the director himself answered some questions, in a fun and relaxed conversation. Todd sent a "shout out" to the readers of our beloved blog.

CA - Where did the idea for Cell Count came from?

Todd - About four years ago my mom fell to the ground unconscious in a supermarket and was rushed to the hospital. She was told that a tumor had exploded in her stomach and that the cancer had essentially spread throughout her abdomen. In the upcoming months she went through chemo, we had to shave her head, and I dealt with it by daydreaming about what I would be willing to do to save her and take the cancer away. That is the genesis of the story. What would you do and who would you sacrifice to save the one you love? Well! Then it turned into putting a living creature inside to eat the sickness and regenerate healthy cells. That part didn't happen in real life. But my mother did beat the cancer and that's the best thing that has ever happened to me.

CA - How was the creative process from the conception of the script to the choice of actors and when did you start shooting?

Todd - It's always different. In the past I've always been more comfortable writing for actors that I know and love. Cell Count was very similar. I wrote most of the parts for the great actors in Oregon that I knew. We had a small casting process for a few roles, but for the most part I wrote for who I knew. We shot in December of 2010.

CA - How was the prison used as location found?

Todd - We actually got very lucky. The state of Oregon voted for a prison to be built with our tax dollars. Once it was built, Oregon voted that it wasn't worth our tax dollars to run it. It is a brand new prison that's never had one single prisoner. Once we saw the location, we knew we had to shoot there. Our Line Producer, Ethan Black, worked tirelessly to make sure that we ended up shooting there. Really, it made the movie better than it could have ever been. We are thankful.

CA - Being the movie inspired by your mother's fight against cancer, why did you choose to do it as a sci-fi thriller instead of a straight drama, as a "normal" person would do?

Todd - Ha. Funny. Someone asked me this question at the Fantaspoa Film Festival and it gave everyone in the crowd the giggles. The answer is simple. I'm weird, I guess. I've always dealt with tragedy in odd ways. I guess I always deal with everything in my life in unique ways. I filter it through my strange brain and spit something like Cell Count out creatively. So yeah, I'm not a normal person.

CA - What were the biggest difficulties you faced, including the making of the special effects?
Todd - Years ago I had meetings with Christina Kortum who ended up doing the practical and blood effects. These ideas had been swimming in my head for years and she made them translate magnificently to the screen. Without her and digital artist Mike Prosser the film would not have worked as well as it does. I'm such a huge fan of collaborating with awesome artists who are striving to be the best at what they do. I've been blessed to work with some of the most talented actors and crew on this film. Without them, quite honestly, I'm nothing.

CA - In the credits, the production is shown as "Freeman Brothers". How is your relationship with your brother in your productions, and what are the functions taken by you both?
Todd - Well for years our production company has produced both features written and directed by myself and my brother Jason. Cell Count was written and directed by me and he co-produced and co-shot the film. For his most recent feature "The Weather Outside, coming to festivals later this year, he wrote and directed and I co-produced and co-shot. We have very similar creative minds. Very little communication, in words, has to take place. We come from the same film galaxy, just not necessarily tell stories from the same planet.
CA - Cell Count has an open ending for a sequel. You want to produce this sequel? You already have an idea about how it will be? Will it be your next project or is there something else in sight?

Todd - We are hoping to make a sequel to Cell Count. It was left open ended just to make an allowance for more fun to be had with these characters and themes. I've been writing down some basic notes about the next story and have pages of script written, but nothing concrete. I can tell you that it's called "Cell Count II: 100 Miles of Bad Road". We are currently developing two features for production later this year. One is based on one of our dad's books, "The Rest of Us", and the other is Jason (Freeman) and I's first original screenplay written together which is called "Devil Rides Shotgun". We will Co-Direct both films.

            Cell Count tells the story of Russel Cameron, a man that will do everything to save his wife from a terminal disease. Both of them accept to be subject to a experiment by a doctor that claims do have survived the very same disease himself. They are confined in a prison/hospital, with another patients looking for the same cure. But there's something evil behind everything, and they must stay together to survive.
            Watch the trailer bellow, followed by the last part of the interview with one of the Fantaspoa's creators, João Pedro Fleck, and some words from Todd to the readers of Cinema Arregaçado.







30/07/2012

Cell Count - Entrevista com Todd E. Freeman

            Já se passaram mais de dois meses do Fantaspoa, mas o tema ainda peramanece atual, isso porque foi no encerramento Festival Internacional de Cinema Fantástico de Porto Alegre que aconteceu a premiére mundial do filme Cell Count, do diretor norte americano Todd E. Freeman.
            O Cinema Arregaçado esteve presente na sessão, onde o diretor respondeu algumas perguntas do público, numa conversa bem descontraída e divertida, além de o próprio Todd ter mandado um “Shout Out“ para os leitores do nosso querido blog.
            Leia abaixo o que Todd E. Freeman respondeu no festival, acrescentado ainda algumas perguntas feitas pelo CA.

CA – Como surgiu a ideia do filme Cell Count?
Todd - Cerca de quatro anos atrás, minha mãe caiu no chão, inconsciente, em um supermercado e foi levada às pressas para o hospital. Ela foi informada que um tumor tinha explodido em seu estômago e que o câncer tinha se espalhado por todo o abdômem. Nos meses seguintes, ela passou por inúmeras sessões de quimioterapia e tivemos que raspar sua cabeça. Eu então pensei em como lidar com aquela situação e como eu poderia ajudá-la a se curar. A essência da história é “o que você faria e sacrificaria para salvar a pessoa que você ama?”. Então desenvolvi a ideia de colocar uma criatura viva dentro do corpo da pessoa doente para se alimentar da doença e regenerar as células saudáveis. Essa parte não acontece na vida real. Mas minha mãe venceu o câncer e essa é a melhor coisa que já me aconteceu.

CA - Como foi o processo criativo, da concepção do roteiro, escolha dos atores e início das filmagens?
Todd - É sempre diferente. No passado, eu sempre fiquei mais à vontade escrevendo para os atores que eu conheço e amo. Cell Count não fui muito diferente. Eu escrevi em grande parte para as grandes atores que eu conhecia no Oregon. Tivemos testes de elenco para pequenos papéis, mas a maior parte eu escrevi para quem eu conhecia. Filmamos em dezembro de 2010.

CA – Como vocês encontraram a prisão utilizada no filme?
Todd - Nós realmente tivemos muita sorte. O estado de Oregon votou na construção de uma prisão com o dinheiro de impostos. Depois que ela foi construída, houve uma outra votação decidindo que não valia a pena os nossos dólares de impostos serem utilizados para finalizar a construção. É uma prisão nova, que nunca teve um único preso. Uma vez que vimos o local, tivemos certeza de que ali era o lugar perfeito para gravar. Nosso produtor, Ethan Black, trabalhou incansavelmente para conseguirmos filmar lá. Isso fez com que o filme ficasse melhor do que imaginávamos. Somos gratos a ele.

CA - Sendo o filme inspirado na luta de sua mãe contra o câncer, por que você escolheu um suspense de ficção-científica para fazê-lo, ao invés de um drama, como uma pessoa "normal" faria?
Todd - Ha. Engraçado. Alguém me fez esta pergunta no festival e o público deu várias risadas. A resposta é simples. Eu sou estranho, eu acho. Eu sempre lidei com a tragédia de maneiras estranhas. Acho que eu sempre lido com tudo na minha vida de forma única. Eu filtrei essas coisas no meu cérebro de modo estranho e “cuspi” a ideia de Cell Count de forma criativa. Então, sim. Eu não sou uma pessoa normal.

CA - Quais foram as maiores dificuldades que você enfrentou, incluindo os efeitos especiais?
Todd - Anos atrás eu tive reuniões com Christina Kortum sobre efeitos especiais e sangue falso. Essas ideias ficaram na minha cabeça por anos e ela (Christina) as traduziu magnificamente para a tela. Sem ela e o artista digital Mike Prosser, o filme não teria funcionado tão bem como ficou. Eu gosto muito de colaborar com artistas incríveis que estão se esforçando para serem o melhor no que fazem. Fui abençoado para trabalhar com alguns dos atores mais talentosos neste filme. Sem eles, sinceramente, eu não sou nada.

CA - Nos créditos, a “Produção” é mostrada como "Freeman Brothers". Como é seu relacionamento com seu irmão em suas produções e quais são as funções assumidas por ambos?
ToddBem. Por anos a nossa empresa de produção produziu ambos roteiro e direção, por mim e meu irmão Jason. Cell Count foi escrito e dirigido por mim e ele co-produziu e co-dirigiu o filme. Com sua produção mais recente “The Weather Outside” chegando aos festivais ainda este ano, ele escreveu e dirigiu e eu co-produzi e co-dirigi. Temos criatividades muito semelhantes. Não precisamos de muita comunicação em palavras. Nós viemos do mesmo universo no filme, não necessariamente contando histórias deste mundo.

CA – Cell Count tem um final em aberto para uma sequência. Você irá produzi-la? Já tem uma idéia sobre como será? Será seu próximo projeto ou há algum outro em vista?
Todd - Nós estamos esperando para fazer uma sequência de Cell Count. Ela foi deixada em aberto apenas para decidirmos se podemos fazer algo que seja bem divertido com esses personagens e temas. Eu tenho escrito algumas coisas sobre a próxima história e tenho várias páginas de roteiro escrito, mas nada de concreto. Eu posso lhe dizer que ele é chamado de Cell Count II: 100 Miles of Bad Road. Estamos atualmente desenvolvendo duas produções ainda para este ano. Um é baseado em um dos livros de nosso pai, The Rest of Us. O outro é de Jason (Freeman) e eu, o primeiro roteiro original escrito por nós dois, chamado de "Devil Rides Shotgun". Nós vamos co-dirigir os dois filmes.

            Cell Count conta a história de Russel Cameron, que faz de tudo para conseguir curar sua esposa de uma doença mortal. Ambos aceitam um tratamento experimental de um médico que diz já ter sofrido da mesma doença e sobrevivido. Eles ficam internados em um hospital/prisão, junto de outros pacientes que também procuram a cura do mesmo mal. Mas há algo de maléfico por trás de tudo e eles devem permanecer unidos para sobreviverem.
            Veja abaixo o trailer e depois a última parte da entrevista com João Pedro Fleck, o criador e organizador do Fantaspoa, contando com o “Shout Out“ do próprio Todd E. Freeman para os leitores do Cinema Arregaçado.





27/07/2012

Ennio Morricone, O Mau e o Feio


Clique para ouvir a música enquanto lê.


Sem dúvida, Ennio Morricone é um dos maiores compositores de trilhas sonoras da história do cinema, tendo contribuido com mais de 500 obras para televisão e cinema. Ficou conhecido mais pelas trilhas de western spaghetti de Sergio Leone, seguindo uma longa data de parceria com o cineasta.
Nascido em Roma em 1928, começou a tocar trompete aos 9 anos e aos 18 anos recebeu seu diploma no instrumento na Academia Nacional de Santa Cecillia. Morricone logo ficou reconhecido na região por compor trilhas para radionovelas e logo migrou para o cinema.
Em 1950 recebeu seu diploma de “Instrumentação de Banda”, necessário para reger orquestras. Logo depois, com seu trabalho de composição, chamou a atenção de seu antigo amigo de escola, o cineasta Sergio Leone, que convidou-o a compor as trilhas de seus filmes de maiores sucessos.
Na parceria com Sergio Leone, Morricone compos as trilhas de Por Um Punhado de Dólares (1964), Por uns Dólares a Mais (1965), Três Homens em Conflito (1966), Era Uma Vez no Oeste (1968) e Era Uma Vez na América (1984). Além da contribuição para Leone, Morricone compôs trilhas para outros sucessos do cinema como O Exorcista 2 (1977), Lobo (1994) com Jack Nicholson como o lobisomem, O Enigma do Outro Mundo (1982) de John Carpenter e Bastardos Inglórios (2009) de Quentin Tarantino.
Apesar de ter sido indicado cinco vezes ao Oscar, nunca ganhou o premio em sua categoria, recebendo somente em 2007 o premio honorário pelo conjunto da obra pelas mãos de Clint Eastwood, além de inúmeros outros prêmios de composições em festivais do mundo todo, como o BAFTA e o Globo de Ouro.

23/07/2012

Abrigue-se!

            Desde Cesare servindo de fantoche para o Dr. Caligari, as psicopatias tem servido ao Cinema. Das obsessões de Travis Binckle aos acessos psicóticos de Norman Bates, da doença o personagem de Al Pacino em "Insônia" a esquizofrenia do protagonista de Clube da Luta (1999) - spoilers, ops. Os mistérios da mente sempre foram um campo fértil para muitas historias.
            De todas estas, a esquizofrenia talvez seja a que mais rende, pois os sintoma mais característico da doença, a alucinação, permite que um cineasta dê vazão a torrente audiovisual própria da sétima arte. Porém, é necessário a mão de um diretor talentoso e de um roteirista sem medo de tornar o filme complexo, para a doença não ser retratada de forma simplista como "o protagonista é o assassino, te pegamos!", como diversos longas atuais fazem (vide Amigo Oculto (2004) - spoilers novamente). 
            Felizmente, o caminho trilhado pelo protagonista de Take Shelter (2011) - que saiu por aqui como O Abrigo - é dos mais emaranhados: a história de um homem obcecado com as visões que tem de uma tempestade iminente e que se vê obstinado a construir um abrigo subterrâneo em sua propriedade é conduzido de forma magistral. Jeff Nichols, neste seu segundo longa, subverte um pouco o clichê cansado do "foi tudo um sonho" dando diversas pistas durante o filme que fazem o espectador genuinamente se perguntar qual é a natureza do que Curtis, personagem de Michael Shannon, vê. 
            Shannon, cuja única outra interpretação que lembro está em Foi Apenas Um Sonho (2008) - e lembro dele se destacar neste filme - leva basicamente o filme nas costas, carregando o semblante da extrema confusão que seu personagem se encontra, de forma magnífica. Jessica Chastain, que também teve outro papel de mãe em A Árvore da Vida (2011) de Terrence Malick, mostra a mesma leveza que naquele longa, numa relação de "proximidade distante" sempre evidente com o marido.


            O Abrigo é um filme que mantém as suas próprias regras intactas do início ao fim, sem apelar para soluções de última hora para solucionar a trama. O final, apesar de surpreendente, não contém aquela carga de surpresa de filmes como Sinais (2002) - filme ao qual O Abrigo me remete em clima, mas apenas isso; estamos falando aqui de um filme muito superior - porque todas as pistas já estão ali. Mesmo assim, a direção absolutamente segura nos faz trocarmos uma teoria por outra sem nos sentirmos enganados por alguma mudança abrupta da lógica do longa.
            É interessante notar também, como o filme faz uso de efeitos de computação gráfica de forma eficaz, sem tirar o clima de seriedade da história. É o tipo de coisa que justifica o uso dessa tecnologia, como auxílio em tornar possível detalhes e cenas que não seriam viáveis de outra forma e não como muletas para apoiar uma narrativa inteira.
            Tão absorvente e inquietante como outras obras sobre um tema parecido, Alucinações Do Passado (1990), O Abrigo é uma das obras mais significativas sobre o que chamamos vulgarmente de "loucura" e merece ser visto por todos que remotamente se interessem pelo tema. É um filme em que cada segundo é bem pensado e construído, com detalhes da primeira cena se repetindo na última de forma a até deixar arrepiado o espectador mais atento.

            Assista ao trailer e bom filme!


Arrombacast EP 02, parte 3 - Entrevista com João Pedro Fleck

          Demorou mas chegou!
          A terceira parte da entrevista com João Pedro Fleck, que junto de Nicolas Tonsho é o criador e organizador do Fantaspoa, o Festival Internacional de Cinema Fantástico de Porto Alegre.
          Nesta terceira e última parte, JP fala sobre os possíveis convidados especiais para as próximas edições e como é o convívio com seus ídolos que vieram a convite para o festival. Conheça o momento mágico onde Stuart Gordon canta blues e torça para os possíveis cineastas convidados para as próximas  edições do festival.
          Caso não tenha visto as entrevistas anteriores, veja aqui a primeira e a segunda parte desta ótima entrevista.
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