A música faz parte do convívio
social da humanidade desde a pré-história e, até hoje, mesmo sendo simplesmente
uma música, certas obras musicais nos fazem ter as mais diversas sensações.
Ouvimos músicas diferentes, com estilos diferentes relacionados aos nossos
diferentes sentimentos que temos com relação ao mundo em que vivemos. Nossas
paixões, nossas alegrias e nossas raivas são afloradas ou amenizadas com esta
arte.
Global Metal é uma continuação
direta do documentário dos mesmos diretores, Metal: A Headbanger’s Journey que
conta a história do Heavy Metal, desde sua criação, passando pelos maiores
ídolos do gênero e chegando às novas bandas da atualidade. Com o objetivo de
encontrar as principais influências do Heavy Metal e a(s) primeira(s) bandas
que o representam, fazemos uma viagem ao passado, descobrindo quais são as
maiores influências dos maiores ídolos dos Headbanger’s.
No documentário Global Metal,
escrito e dirigido por Sam Dunn e Scot McFadyen, vemos a influência do Heavy
Metal, um gênero musical relativamente novo e alvo de preconceito pela maioria
dos grupos sociais, em países de terceiro mundo que raramente ou nunca foram
agraciados com visitas dos maiores ídolos do Heavy Metal mundial, e que
provavelmente nunca os receberão.
Sam Dunn viaja por Brasil, Japão
(este não necessariamente de terceiro mundo, mas com uma forte adimiração pela
cultura occidental e uma grande cena Metal nas grandes cidades japonesas),
India, China, Indonésia, Israel e Emirados Árabes, países que englobam a
América Latina, Ásia e Europa Oriental.
A busca de informações de como o
Heavy Metal influenciou os jovens destes países considerados de terceiro mundo,
mostra-nos não só suas histórias de como ouviram pela primeira vez uma música
do estilo Heavy Metal, mas mostra também qual a posição dos governos destes
países que na maioria dos casos é extremamente conservadora. Histórias de
proibições de importação de produtos relacionados à musica em governos
ditatoriais, a repulsa da própria sociedade conservadora e até mesmo os altos
valores devido as taxas exorbitantes de produtos relacionados à música e mais
especificamente o próprio Heavy Metal.
Em uma estrutura de documentário
clássico, acompanhamos o diretor e antropólogo Sam Dunn viajando por estes
países e entrevistando pessoas cuja vida foi mudada pela influência do Heavy
Metal, que foi descoberto por estas pessoas na grande maioria de modo ilegal
ou, quando legalmente, a custos exorbitantes. As entrevistas são interligadas
por imagens das grandes cidades destes países, mostrando seus ambientes típico
e conservadores, fazendo um contraponto à imagens que mostram pessoas com o
típico estereótipos headbangers, de cabelos compridos, roupa preta e
acessórios de metal e couro. Estes mesmos nascidos em países cujos homens devem
ter cabelo curto e suas roupas típicas consistem em tecidos coloridos e
acessórios relacionados diretamente às suas remotas culturas e religiões.
Paralelamente à linha que o
documentário segue, vemos entrevistas de ídolos do Heavy Metal falando de suas
experiências nestes mesmos países enquanto são passadas imagens de shows ou da
própria comunidade “metaleira” em grupos introduzidos num ambiente
completamente diferente aos seus estilos e ideologias. Tudo isso ligado com uma
narração em off do próprio diretor que nos guia em uma jornada para conhecer os
ídolos do Heavy Metal, seus fãs e seus países que não possuem sequer o mínimo
de influência do estilo Heavy Metal na sociedade, salvo estes fãs que contornam
as dificuldades e compraram os álbuns, camisetas, bandeiras e outros objetos de
suas bandas favoritas, além dos acessórios típicos de um verdadeiro headbanger.
A câmera guia-nos em uma linha de
raciocínio não definida logicamente. Somos simplesmente levados para os países,
e nestes seguimos por uma linha histórica não só a partir de um grupo
socialmente definido, os headbangers, como individualmente, pelos próprios
integrantes deste grupo. “O documentário, antes de tudo, é definido pela
intenção de seu autor de fazer um documentário (intenção social, manifestada na
indexação da obra, conforme percebida pelo espectador). Podemos destacar como
próprios à narrativa documentária: presença de locução (voz over), presença de
entrevistas ou depoimentos, utilização de imagens de arquivo, rara utilização
de atores profissionais, intensidade particular da dimensão da tomada”*.
*RAMOS (Fernão Pessoa) – Mas afinal... O que é
Documentário?, Ed. Senac, 2008
O estilo clássico do documentário
torna-o mais simples e direto de ser compreendido e analisado. A fácil e
dinâmica apresentação histórica do Heavy Metal nestes países é nos passado com
uma desenvoltura simples e direta, de modo a proporcionar aos espectadores um
envolvimento mais próximo e íntimo com o próprio Heavy Metal, seus fãs e nossos
maiores ídolos.