“Eu não suporto a raça humana” –
Dr. Heiter
Muitas vezes também partilho
desta opinião, mas certamente não teria as mesmas atitudes deste que podemos
rotular como o clássico Cientista Louco das clássicas histórias onde o mocinho
deve derrotá-lo. O interessante de A Centopeia Humana é que simplesmente ele é
desprovido de mocinho. Pessoalmente, acredito que este é o único trunfo deste
polêmico filme.
Basicamente em A Centopeia
Humana, acompanhamos duas jovens turistas aproveitando as férias na Alemanha
que são capturadas por um medico especialista em separação de gêmeos siameses,
cuja nova obsessão é criar “gêmeos siameses”, utilizando três cobaias humanas
que serão ligadas uma a outra pelo sistema digestivo.
Começando pela atuação, as duas
atrizes que se perdem são horríveis, o que piora muito mais a situação clichê
clássica de vítimas de assassinos seriais em que elas se perdem em uma estrada
no meio de uma floresta, o carro estraga e elas são forçadas a caminhar na
chuva, no meio do mato, até que encontram a casa do maníaco vilão.
Constantemente as atrizes praguejam, gaguejam e repetem os nomes uma da outra
tentando tornar o texto mais verossímil, onde assim mesmo acabam fracassando.
Temos os atores que fazem os
policiais que mesmo aparecendo ao final do segundo ato do filme, não fazem nada
para compensar o pouco tempo em tela, falando um texto decorado mecanicamente.
O único que podemos distinguir uma boa atuação é o médico vilão, cuja própria
personalidade torna a atuação dura mais realista.
O roteiro é pessimamente
desenvolvido. As situações que levam as jovens até o médico são extremamente
convenientes ao vilão. Mesmo com ele tendo praticamente um outdoor gigante
escrito “vilão” em cima de sua casa, ninguém se dá conta da realidade, deixando
tudo mais fácil para o médico que, mesmo estando tudo sob controle, acaba
perdendo o controle de suas cobaias/vítimas que decidem reagir somente no
último instante.
A Centopeia Humana está mais para
um humor negro gore do que para um filme de terror em si. O mesmo não podemos
dizer sobre sua continuação.
Já A Centopeia Humana 2 apresenta
um universo onde seu predecessor não passa de um simples filme que inspirou
nosso novo vilão a fazer uma centopéia humana com 12 pessoas.
Tom Six, diretor, produtor e
roteirista de ambos os filmes, parece ter aprendido a lição quanto aos diálogos
dos seus personagens anteriores e retirou todos os diálogos do novo vilão,
cujos tormentos psicológicos devido aos abusos sexuais do próprio pai, levaram-no
a ter uma certa aversão às pessoas (aversão semelhante ao vilão da primeira
sequência).
Sem falas e atuando somente com
gestos, incorporando os problemas psicológicos, a atuação é um pouco melhor do
que os atores anteriores, mas ainda assim, até o final da primeira metade do
filme, não deixa de ser um filme de humor negro gore, assim como o anterior,
apresentando o vilão, sua obsessão pela centopéia humana e o instinto agressivo
para com suas vítimas/cobaias para sua nova obra. Pessoas sendo capturadas à
base de tiros nas pernas e golpes com pé-de-cabra na cabeça nos apresentam um
maníaco disposto a tudo para realizar seu desejo.
A partir da segunda metade é que
vemos realmente um filme de horror gore com violência gratuita. O vilão já tem
suas doze vítimas nuas e devidamente amarradas em um galpão alugado
especialmente para fazer seu trabalho. Partindo do pressuposto de que nosso
novo vilão não tem conhecimento nenhum de medicina, e a única base para a
criação da centopéia humana é um manual criado por ele mesmo com base na
explicação que o vilão do primeiro filme dá às suas vítimas, temos certeza de
que este não passa de um açougueiro pronto para cortar e grampear suas cobaias
umas nas outras.
Novamente o fato de o vilão desta
sequência não ter falas certamente faz com que a atuação não seja estragada com
tentativas de verossimilhança semelhantes à primeira sequência. Lentamente o
vilão quebra, corta e dilacera suas vítimas em planos explícitos com efeitos
visuais bem melhores produzidos do que no primeiro filme, mas isso não melhora
sua comparação com o primeiro.
Definitivamente A Centopeia
Humana 2 é um filme muito mais controverso do que o primeiro. Os espectadores
que gostaram do resultado do primeiro pelo fato de ser um filme diferente,
controverso e violento, certamente irão gostar da sequência. Do mesmo jeito, os
espectadores que não gostaram do primeiro filme exatamente pelo mesmo motivo,
não percam seu tempo assistindo à continuação, pois a sanguinolência e
violência gratuita são o real trunfo de um filme que não tem motivo nenhum para
ser produzido.
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