27/08/2012

Drew: O Homem por trás dos Pôsters


Todos certamente estão cientes que um dos fatores que fazem os filmes fazerem sucesso nos cinemas é o marketing. Vemos hoje em dia, inúmeras formas de divulgação dos últimos lançamentos cinematográficos, utilizando-se, por exemplo, de trailers colocados para visualização na internet. Mas antigamente, os poucos meios para divulgação de um filme resumiam-se em trailers antes das sessões de cinema e comerciais na televisão. Mas um meio de divulgação, que está em uso desde o início da era do cinema até hoje, é o pôster. E em uma homenagem a um dos maiores artistas de criação de pôsters cinematográficos, o documentário Drew: The Man Behind The Poster nos apresenta a um gênio anônimo da criação deste formato de divulgação de filmes.

Drew Struzan é o responsável por alguns dos pôsters mais icônicos do cinema, tendo trabalhado para sagas como Star Wars, Indiana Jones, De Volta para o Futuro e clássicos solos do cinema, como Blade Runner, Os Goonies, E.T. e outros mais atuais.

O documentário, com estreia prevista ainda para este ano, mostra a história de Drew como artista de pôsters, contando com depoimentos de George Lucas, Steven Spielberg, Guillermo Del Toro, Frank Darabont, Harrison Ford, Michael J. Fox e muitos outros grandes profissionais do cinema, falando sobre o distinto traço do artista e a sua importância na divulgação das produções cinematográficas.

No site oficial de Drew Struzan, você pode conferir seus inúmeros trabalhos e até comprar suas artes oficiais.

Veja o trailer abaixo e prepare suas paredes para pendurar seus novos pôsters.









20/08/2012

Para H. P. Lovecraft, Obrigado por Tudo. Seguidores de Cthulhu.




É sabido que o cinema buscou, em seu início, inspiração em grandes obras literárias para as primeiras produções cinematográficas no início do século 20. Essa busca por adaptação de livros continua até hoje, adaptando de escritores como Stephen King, Robert E. Howard, Neil Gaiman, dentre muitos outros. O que estes autores tem em comum além da criação literária? Simples. Todos eles tem como principal influência o aniversariante de hoje, Howard Phillips Lovecraft.

Nascido em 20 de agosto de 1890, em Providence, Rhode Island, H. P. Lovecraft foi considerado (e é até hoje) o maior escritor de horror gótico da literatura, influenciando, com suas obras macabras, uma gama de artistas contemporâneos das mais diversas áreas.

Influenciado por Edgar Alan Poe, Lovecraft já recitava poemas aos três anos de idade, e aos seis já escrevia seus próprios versos. Com o incentivo de seu avô, Whipple van Buren Phillips, que lia contos de horror e suspense para seu pequeno neto, fez com que Lovecraft se tornasse um ávido escritor, não só de contos mas também de poemas e breves estudos que fazia sobre literatura de horror gótico.
Lovecraft sofria de uma doença chamada poiquilotermia, que deixava sua pele sempre fria, impedindo-o de frequentar a escola e seguir um currículo escolar normal. Com a morte de seu avô, em 1904, a família (Lovecraft e sua mãe Sarah Susan Phillips) mudou-se para um lugar mais pobre, com acomodações menores e sujeitos à condições insalubres, que acabaram prejudicando ainda mais a saúde do jovem escritor, impedindo-o de receber seu diploma de graduação do ensino médio. Devido a esse fato, Lovecraft nunca pode frequentar a universidade, fato este que marcaria sua vida.

Sua mãe faleceu em 1921 e nunca pode ver uma obra de seu filho publicada. Seu primeiro conto foi lançado na revista Weird Tales, com o nome Dagon. Passou então a escrever somente para a revista, a única cujo foco literário era o estilo que Lovecraft escrevia.

Durante um curto período de sua vida, trabalhou como jornalista. Nesta época conheceu Sonia Greene, uma ucraniana judia, oito anos mais velha, com quem viria se casar e, poucos anos depois a se divorciarem.

Depois do casamento, Lovecraft mudou-se para sua cidade natal, Providence, onde sua prolífica carreira como escritor iria alavancar-se. Foi nessa época em que começou a se comunicar por cartas com outros amigos escritores, entre eles Robert E. Howard, o criador de Conan, que com influência de seu amigo Lovecraft, pegou emprestadas inúmeras referências de seu universo ficcional para compor suas obras. Lovecraft escreveu, também neste período, suas obras mais extensas, como Nas Montanhas da Loucura e O Caso de Charles Dexter Ward.

Ao final de sua carreira, Lovecraft recebeu, em 1936, a notícia da morte de seu amigo Robert E. Howard (suicidara-se por saber que sua mãe provavelmente nunca sairia do estado de coma). As dores da doença de Lovecraft se intensificaram, obrigando-o a se internar no hospital. Ali ele morreria, cinco dias depois, em 15 de março de 1937, deixando uma legião de fãs sem nunca publicar um romance, tendo reconhecimento somente pelos seus contos.

Sua obra completa consiste em cerca de 60 contos, alguns ensaios sobre literatura e mais de cem mil cartas destinadas aos seus amigos correspondentes. Sua influência na arte é vasta, inspirando grandes artistas de todas as áreas. No cinema, alguns de seus contos já foram adaptados, mas infelizmente sem grandes reconhecimentos.

O cineasta Guilhermo Del Toro preparava-se para levar às telas a obra mais consagrada de Lovecraft, Nas Montanhas da Loucura. Infelizmente devido a grandes semelhanças com outro grande filme que estava sendo produzido (Prometheus, de Ridley Scott), o estúdio acabou vetando o projeto e enterrando de vez o sonho de termos o maior conto do autor adaptado por um cineasta extremamente competente e fã de Lovecraft.

"Ph'nglui mglw'nafh Cthulhu R'lyeh wgah'nagl fhtagn."
(Na casa de R'lyeh, o Deus Cthulhu espera sonhando.)

Concepção artística do Antigo Cthulhu

Há também o livro "O Mundo Fantástico de HP Lovecraft" que postamos e comentamos aqui.

15/08/2012

A Ficção Científica no Cinema - Parte 5 - A Tecnologia

A Evolução da Tecnologia e da Ficção Científica

A partir da década de 70, filmes e seriados de televisão de outros gêneros com a Ficção Científica como plano de fundo começaram a pipocar pelo mundo mas que não emplacaram com uma boa audiência. Com o avanço da tecnologia para a utilização nos efeitos especiais dos filmes, o mercado cinematográfico começou a alavancar, mas não na velocidade que era esperado pelos produtores.


Nesta época é apresentado na televisão o seriado Jornada nas Estrelas, que apresentou a tripulação da espaçonave Enterprise viajando pelo espaço e “Indo onde nenhum homem jamais esteve”. Na época, a série não foi vendida como Ficção Científica, mas sim como um Faroeste Espacial, onde assim como os filmes de faroeste das décadas de 40 à 60, exploravam terras desconhecidas, conhecendo novos povos e civilizações. A série fez um relativo sucesso na época, mas durou poucos anos, sendo cancelada e esquecida por alguns outros anos. Em 1976, o criador de Star Trek, Gene Roddenberry, iria lançar uma nova temporada de Star Trek quando em 1977 foi lançado no cinema a maior saga com temática de ficção científica. Star Wars tornou-se um sucesso instantâneo, levando os produtores da Paramount, que produziam Star Trek, a decidirem por lançar filmes da antiga série, levando para as telonas os mesmos atores que representaram-na no início da década.

A década de 80 foi marcada pela evolução nos efeitos especiais nos filmes de ficção científica e por apresentar cineastas que virariam ícones do gênero, com uma vasta filmografia de FC. Nomes como Steven Spielberg, George Lucas, Robert Zemeckis, Ridley Scott, entre outros, presentearam o público com grandiosas obras cinematográficas que, na grande maioria, apesar de conterem a ficção científica como plano de fundo, não eram essencialmente do gênero, mas saciavam o público. Com suas representações de viagens espaciais, encontros e duelos entre seres humanos e alienígenas, a introdução do robô no contexto social e filosófico e a apresentação de tecnologias que eram capazes de facilitar o trabalho humano e trazer-lhes uma maior comodidade, a ficção científica não só serviu de entretenimento para o público, como também de inspiração para cientistas e inventores que passaram a desenvolver máquinas, aparelhos, técnicas e tecnologias.

Assim como descrevi a Ficção Científica no início desta série de postagens, o gênero apresenta uma história cuja essência e temática principal é a ciência plausível, com máquinas e equipamentos tecnológicos próximos à nossa realidade e que por teoria científica seriam possíveis a sua existência. Não é por acaso que o homem chegou à lua (não sou teórico de conspiração) exatamente 67 anos depois do primeiro filme de ficção-científica que representava a ida do homem à lua. Filmes com viagens espaciais inspiraram as tecnologias humanas que temos hoje em dia para as viagens espaciais reais. Os robôs criados nos filmes para facilitar a vida do ser humano, hoje ajudam em fábricas ou até como computadores caseiros. Hoje em dia, filmes produzidos com a mais avançada tecnologia de computação gráfica nos dá uma ideia do que esperamos no futuro, assim como as gerações mais velhas de hoje esperavam num futuro a décadas atrás.

13/08/2012

O Garoto De Bicicleta



Embora o termo “audiovisual” seja jogado muito por aí para descrever o cinema, a verdade é que ele é um meio muito mais visual do que auditivo. Claro que sabemos que um bom desenho de som pode fazer toda a diferença, e que basicamente toda boa história é contada com elementos do som, e que embora tenhamos pelo menos 3 décadas de cinema mudo, bem, ele não era mudo completamente:  os diálogos nos cartões invadiam o nosso cérebro na forma das nossas vozes, ou para pessoas com uma maior boa vontade imaginativa, com as vozes que eles imaginavam para os personagens – e , claro, as trilhas sonoras já estavam lá, nos comunicando parte do sentimento e do clima.

Mas o que eu quero dizer é que, por mais que o som seja importante, no cinema existe uma preocupação muito maior com o campo visual,  com a eficiência do movimento em cena, com a consistência na troca de planos, e com todo os símbolos visuais envolvidos, desde a cor de uma roupa até a decisão do enquadramento. Digo isso tudo porque fico embasbacado com este filme dos irmãos Dardenne: se o cinema é mais calcado no que os olhos captam, porque progressivamente os filmes tem se tornado mais e mais preguiçosos, a ponto de lhe narrarem exatamente o que mostram? Porque, afinal, não temos mais filmes como este?

“O Garoto Da Bicicleta”, de 2011, é um feito que demonstra que as emoções mais cruas não precisam sempre de todo um aparato melodramático por trás para atingirem a todos, e que justamente por não se deixarem levar pelo vislumbre desmedido, os diretores acabam falando mais próximos ao nosso coração com uma facilidade assombrosa.

Cyril é um garoto confuso. Deixado pelo pai subitamente já com 10 anos, num orfanato, ele é adotado nos finais de semana por Samantha, mas ainda assim procura o pai e acaba descobrindo, de maneira seca e direta, o mundo brutal e injusto no qual vivemos. Cheio de planos longos e se utilizando espertamente da luz natural, os Dardenne mantém aqui uma coerência estética com o único outro filme deles que assisti, “O Filho”, de 2002, mas embora os filmes tratem do tema da busca, aqui não há o enfoque claustrofóbico que o filme anterior tem; as descobertas do protagonista, Cyril, tem um caráter muito mais inocente.

O que mais impressiona é justamente a dinâmica do “audiovisual” dentro do filme. Adotando a postura do “show or tell”, os Dardenne evitam a redundância narrativa com vigor, tornando tudo sempre mais interessante para o nosso lado. Por exemplo, em uma cena em que o protagonista joga videogame na casa de um quase desconhecido, que até há pouco lhe era hostil, o que poderia ser um diálogo “bate e bola” acaba se tornando basicamente um monólogo, tamanho o cuidado dos diretores (e também roteiristas) em manter as repostas de Cyril no nível do que é apenas necessário.

Ainda nesta cena, há um elemento de tensão crescente com o qual os diretores trabalham de forma a sempre esconder qual será o desdobramento da cena; de fato ficamos nos perguntando qual é a intenção do rapaz que convida Cyril a sua casa, e há um sentimento de medo pelo destino do garoto que se torna crescente. Outra cena que ilustra bem a maestria dos irmãos nesse tipo de cena é quando, num dado momento, o garoto retorna ao pai com dinheiro ilícito. O take continuo do pai abrindo a porta e depois voltando para o restaurante com Cyril observando a ação se desenrolando pela janela, nos cria mais tensão que talvez uma cena cuidadosamente iluminada e lotada de planos.

Essa espécie de estoicidade narrativa, beirando a “secura”, é justamente o que torna o filme mais humano. Momentos nos quais as emoções explodem geralmente são tomadas de completo silêncio, ampliando a emoção na tela de uma forma quase palpável. Talvez o mais curioso seja quando percebemos, dentro desse silêncio todo, que o protagonista possui um tema próprio, que toca brilhantemente nos momentos em que acontece algo que o transforma.

“O Garoto Da Bicicleta” encerra com uma cena de teor enigmático, que culmina no silêncio e na tensão que citei. É de uma honestidade intelectual enorme, já que não se preocupa em satisfazer o espectador com certezas. E podem ter certeza, esse é um dos sinais de um grande filme.

O ator mirim Thomas Doret junto dos diretores Jean-Pierre e Luc Dardenne

10/08/2012

Um Exército de Monstros Nazistas de Frankenstein


É interessante ver a criatividade dos cineastas de baixo orçamento que conseguem reconhecimento devido a filmes inteligentes e criativos. Dos mais variados gêneros, assuntos e temas, um gênero que ainda não possui um título definido, mas podemos resumi-lo como "Histórico Alternativo", narra acontecimentos históricos que nunca ocorreram. Um bom exemplo disso é o filme Fatherland (1994), cujo a narrativa mostra como seria o mundo se a Alemanha tivesse vencido a Segunda Guerra Mundial. Mas e se o país germânico estivesse tentando derrotar os aliados utilizando corpos reanimados de soldados falecidos à lá o Monstro de Frankenstein? Temos aí a premissa de Frankenstein's Army.

Com previsão de lançamento ainda para o ano de 2013, mas sem data exata, Frankenstein's Army narra uma história de um pelotão do exército russo que adentra o território leste da Alemanha e encontra um laboratório secreto abandonado, onde os nazistas utilizavam técnicas criadas pelo próprio Vicktor Frankenstein (o mesmo criador do monstro no romance de Mary Shelley), para a criação de monstros compostos por partes de soldados alemães mortos, recriando assim a lenda do Monstro de Frankenstein.

Os dois trailers lançados até agora (você pode assistir logo abaixo) apresentam uma estética de cinema antigo - em preto e branco e mudo - como se fossem trechos de filmes gravados na época da guerra. Levando em conta que os dois trailers são do mesmo estilo estético, podemos esperar que o filme siga o mesmo conceito.

Richard Raaphorst estreia como roteirista e diretor do longa, mas ele é mais conhecido no departamento de arte, como arte-conceitualista de filmes como Dagon (Stuart Gordon - 2001) e Beyond Re-Animator (Brian Yuzna - 2003). Podemos esperar então um ótimo trabalho do departamento de arte nos cenários, figurino, maquiagem e, quem sabe, animatrônicos.

Acesse o site oficial do longa para mais informações: www.frankensteinsarmy.com.

Trailer 1:

Trailer 2

09/08/2012

Zumbis e mosquetes




Nessa enchente de filmes de zumbis, que saem as dezenas todos os anos, desde que o gênero foi revivido na tela grande com filmes como Extermínio e a refilmagem de “Madrugada dos Mortos”, poucos se salvam. O principal problema está no foco; como já cansei de dizer, os melhores filmes de zumbis usam os mortos-vivos como pano de fundo para estudar a natureza humana, e como fatalmente é por nossa própria culpa que caímos em suas mandíbulas putrefatas.

Claro, existem filmes de zumbis que se focam mais no combate entre eles e os humanos do que nas questões psicológicas dos personagens, mas eles também são apoiados em outras qualidades. O remake citado, por exemplo, tem no seu grande numero de personagens a chance de oferecer um dinamismo na história, e o fato de tornarem os zumbis em maratonistas, apesar de muito questionado por fãs de horror, é uma diferença que evita que o filme seja redundante, e injeta outra forma de tensão. O próprio “Zombi – O Despertar Dos Mortos” de Lucio Fulci é um filme que seria medíocre se não fosse a vasta imaginação visual de seu realizador, que mais do que justifica os personagens rasos.

“Exit Humanity”, filme de 2011 dirigido por John Geddes é um dos poucos filmes sobre nossos queridos comedores de carne que se aventuram por épocas mais remotas – mais precisamente os anos logo após a Guerra Civil Americana.  A história se centra em Edward Young, um jovem soldado que se vê obrigado a eliminar a esposa e o filho após o inicio da infecção.



O principal problema a se identificar do longa, logo do inicio, é a escolha da forma narrativa. O protagonista, já idoso, narra a história, mas da forma mais boba possível; o texto é tão redundante que chega quase no nível de narrar exatamente o que está acontecendo na tela. Infelizmente, isso denota falta de confiança na força da própria história e das imagens da obra por parte do diretor, que prefere guiar o espectador pela mão do que deixa-lo correr o risco de se perder em contemplação.  Um comentário a parte: a única coisa que evita que a narração seja ainda pior é o fato de que o ator escolhido, o veterano Brian Cox, tem uma voz insanamente semelhante ao grande Johnny Cash. Ah, se a qualidade do texto fosse a mesma das letras deste...

Falando em atores, o protagonista do filme, encarnado pelo iniciante Mark Gibson, tem uma presença, ao menos visual, interessante. Ele lembra um Kiefer Sutherland no inicio de carreira, e tem aquela característica quase estoica que é muito bem vinda, ainda mais numa história sobre um homem que já não tem mais o que perder.  Suas expressões, seu choro, e seus gritos de dor são até bem intensos, e o único problema reside na sua fala. A entonação de sua voz é muito ruim, não passando nem sequer apatia por parte do personagem; fica a impressão de que o ator não estava nem aí nesses momentos.

Os personagens são todos pessimamente desenvolvidos, com diálogos que não chegam a lugar algum e nunca servem para nos dar algum maior entendimento daqueles personagens, mas servem apenas de alavanca para a história e para exposição, que poderia ter sido feito de alguma outra forma.  Interessante é notar a utilização de muitos veteranos do gênero no elenco, como Dee Wallace, Bill Moseley e Stephen McHattie.



Os efeitos práticos são bem realizados, e o filme como um todo tem um valor de produção que muitas vezes nos faz esquecer de que é um filme independente. A maquiagem dos zumbis, o sangue e a caracterização de época são excelentes. As locações em florestas canadenses e a decisão de situar o filme no inverno encaixam bem com o clima melancólico que a obra propõe. A trilha sonora, também reforçando esse clima de tristeza, as vezes exagera no melodrama, mas no geral é passável.

Outro detalhe interessante de longa é a escolha de desenvolver vários trechos em forma de animação muito semelhante as HQs, e que diz muito sobre o espirito do filme: essa é uma história que teria sido ideal para uma graphic novel ao estilo de Walking Dead, ou para um jogo de videogame. O filme é inclusive dividido em sete capítulos, e cada um é representado por uma página do diário do protagonista. Com diálogos ruins, narração mal utilizada, mas com um uma produção afiada e clima episódico, fica aquela sensação de que “Exit Humanity” teria sido melhor jogado (ou lido) do que assistido.

07/08/2012

O Futuro da Publicidade em "Branded"


Na área da publicidade, existem diversos termos e ferramentas de comunicação, que são utilizadas para apresentar algum produto ou serviço. Dentre estas ferramentas, existe a chamada Branded Entretainment, que consiste em dar às marcas a oportunidade de se promoverem, utilizando-se de uma interação direta com o consumidor. Vemos essa técnica ser aprimorada com o avanço da tecnologia, como no exemplo da técnica de "realidade aumentada". Mas não estou aqui para falar da publicidade. Não ao menos para dar aula. Eu só precisava dar uma introdução para explicar para vocês o que tive dificuldade para entender o conceito do novo thriller de ficção científica Branded.

Em Branded, Misha, um jovem publicitário que alcança o topo dos negócios de publicidade, vê seu império arruinado depois de um trágico acontecimento em um set de filmagens de uma das suas ações publicitárias e se retira do cenário em um exílio auto-imposto. Depois de dez anos, Misha retorna ao mundo dos negócios, mas se depara em uma sociedade completamente modificada, onde as pessoas são modificadas e manipuladas para aceitarem uma imposição e submissão diante de uma corporação publicitária, que influencia às pessoas com técnicas publicitárias de tecnologia avançada.

A  sociedade é feliz pois somente enxerga o que a corporação publicitária determina, mas Misha, como está imune às influências, enxerga a realidade, que consiste em um ambiente frio e triste, onde as pessoas são manipuladas por criaturas que somente o jovem publicitário consegue enxergar. Ele parte então para uma missão de salvar a humanidade, utilizando suas habilidades em publicidade para obliterar esta ameaça global.

Branded tem data de estréia nos cinemas americanos em 7 de setembro e não há previsão para seu lançamento no Brasil.

Fazem parte do elenco: Ed Stoppard, Leelee Sobieski, Max von Sydow, Jeffrey Tambor, Atanas Srebrev e Andrey Kaykov.

Assistam os dois trailers abaixo e tirem suas próprias conclusões:



03/08/2012

O Cavaleiro das Trevas Escorrega

            Padre, eu pequei. Meu crime foi o de não gostar tanto quanto os defensores histéricos de Nolan do ultimo capitulo de sua visão sobre o homem-morcego.

            Primeiramente, devo dizer que não acho “O Cavaleiro das Trevas Ressurge” um filme ruim. De forma alguma. Ele mantém o clima dos filmes anteriores, tanto na fotografia quanto na estética realista que Nolan se comprometeu a nos dar. Ah, isso, claro, quando ele não decide ter diarreia mental e avançar o filme com artifícios de roteiros pobres que, sinceramente, eu poderia encarar facilmente em muitos outros filmes, mas não da continuação de um filme como “O Cavaleiro Das Trevas”, e muito menos de uma continuação com o MESMO diretor.

            O filme tem coisas boas a seu favor, e a maior delas está na segurança do elenco – impossível um filme ruir quando o alicerce é formado por atores talentosos que já estão confortáveis nos seus personagens. Assim, Christian Bale, Michael Caine e Gary Oldman seguram um longa desnecessariamente inchado, que poderia ter tido facilmente uma história mais enxuta.

            Começando por aspectos técnicos, o que mais me chamou a atenção foi o tanto que as cenas de ação foram simplesmente genéricas.  Elas não contém nada da tensão e da imaginação das do filme anterior – quem não ficou boquiaberto quando Batman fez o caminhão que transportava o Coringa tombar de ponta-cabeça?  O que sobra aqui são perseguições banais em uma Gotham plenamente iluminada, sem qualquer energia ou qualquer senso de urgência.

            O outro problema técnico que eu quero abordar é um que me deixou confuso, pois eu achei que já tivesse sido resolvido no filme anterior. Era um mal que tomava também “Batman Begins” – porque as lutas são tão lentas e duras? A primeira luta entre Bane e Batman, por exemplo, não se beneficia em nada dos planos mais longos com os quais ela foi gravada – apenas deixa mais aparente a dificuldade de locomoção de Bale dentro do uniforme de borracha. Agora compare isso com as cenas de luta do filme anterior, que fluem muito melhor tanto em coreografia como na edição. O único aspecto redentor é o desenho de som, que continua magnífico e reproduz bem a sensação de cada impacto dos golpes, principalmente dos de Bane.

            Falando neste, um outro aspecto que me deixou triste, mas reconheço ser mais uma picuinha pessoal, é na construção desse vilão. Não li as histórias do Morcego, e me baseio pelos longas de Nolan, mas lembro que, na época do lançamento do carnavelesco “Batman e Robin”, diversos fãs se mostraram decepcionados com o vilão sendo relegado a um capanga hiper-bombado. Antes de qualquer coisa, é claro que Nolan construiu aqui um personagem muito melhor do que o do longa de 1997, mas isso não é dizer nada, pois não é preciso de muito para isso. Mas me entristece aqui é que, no final das contas, ele continua sendo um capanga bombado E muito inteligente. A decisão de justificar as ações dele com o amor que sente por Talia é, no mínimo, redundante, já que as próprias intenções anarquicas do personagem, tanto nas HQs como no próprio filme, já servem de antagonismo suficiente para Batman/Bruce.  O principal problema disso é a necessidade que cria de investir tempo na personagem de Talia Al Ghul, fato que ajuda a inchar um filme já desnecessariamente longo.

            Outro detalhe sobre Bane, é a voz. Certamente um detalhe subjetivo, mas me custa a acreditar que as pessoas possam se sentir intimidadas por alguém que fala como se fosse Ian Mckellen ou Sean Connery narrando algum livro de Charles Dickens. O sotaque do personagem é tão forçado que quase quebra  a barreira entre essa encarnação “pé no chão” do Cavaleiro de Gotham e as tentativas muito mais cartunescas de suas adaptações anteriores para o cinema.

            Outro personagem pessimamente aproveitado é Selena Kyle, a Mulher-Gato.  Não obstante usar o personagem para introduzir momentos de humor que não funcionam (ao menos não comigo ou com a plateia com quem assisti ao filme), o resto dos momentos que se utilizam dela poderiam ter sido resolvidos de outra forma, sem a necessidade de adicionar um novo personagem. Não digo que eu ache que a personagem não devesse ter sido inserida na trama de forma absoluta, só imagino que poderiam ter dado ela alguma necessidade substancial. E nem é necessário comentar a química romântica nula, mas inserida quase forçosamente, entre ela e Batman.

            Talvez o único personagem se justifique seja o futuro Robin de Joseph-Gordon Lewitt, afinal, ele é uma extensão dos braços de Gordon em Gotham quando este está se recuperando no hospital.

            Por fim, reservo agora um tempo ao aspecto que julguei ser mais preguiçoso: as resoluções das situações. Primeiramente, precisamos mesmo que o longa nos mostre o Bat-Roupeiro de Wayne a cada momento em que ele vai se transformar no seu alter-ego? Exatamente antes de cada cena na qual Batman vai agir, isso é mostrado. São detalhes como esse que enfraquecem a trilogia, que no seu segundo filme mostrou uma sofisticação jamais vista num filme de super-heróis – não é a toa que “O Cavaleiro das Trevas” fosse comparado a um “Fogo Contra Fogo” com Batman e Coringa no lugar dos personagens de DeNiro e Pacino.

            Mas o que temos aqui? Vilões expondo seus desígnios maléficos para herói na hora H. Alguém se lembra de alguma cena tão gratuitamente expositiva no filme anterior quanto a que sucede a facada que Talia desfere em Batman, numa reviravolta num clima de “M.Night Shyamalan” por parte de Nolan? Com direito a até lagriminhas de Bane, logo após.  Uma cena que eu jamais esperaria desta trilogia. E se essa cena não fosse ruim já por si só, é seguida por um momento de conveniência enorme – Selena Kyle aparece e desfere um tiro em Bane no ultimo segundo. O grande vilão, construído com quase metade do tempo do filme, é morto da forma mais hilariantemente anticlimática possível.

            Mas o pior ainda está por vir: uma bomba está para explodir Gotham, com um contador de... 5 meses, e, é claro, Bruce só consegue completar seu treinamento e a subsequente viagem de sua prisão na África faltando 12 horas para a explosão – tensão e clímax criados da maneira mais vagabunda e sem-vergonha do que eu jamais imaginaria do cara que nos deu “Amnésia” e “A Origem”.

            Mas talvez a cena mais marcante, para mim, que ilustra muito bem como o roteiro é fraco, é uma que se dá na metade do filme: Gordon é encontrado ferido, depois de dar de cara com Bane nos esgotos, e conta para o personagem de Matthew Modine sobre o vilão, e o que acontece? Ninguém simplesmente lhe dá ouvidos. Essa atitude é de uma incoerência enorme com o que vem acontecendo até agora: não apenas é uma atitude incoerente com a importância que Gordon adquiriu no segundo filme. É uma saída burra para ilustrar a falta de importância de Gordon na cidade atual, mas é uma saída que estaria melhor num filme B como “Alligator” ou “A Bolha Assassina” (que os realizadores destes dois filmes divertidíssimos me perdoem), nos quais sempre há uma cena na qual alguém tenta avisar a policia do perigo iminente, do que em um filme que custou 250 milhões de dólares.

            Mas não culpo a reação do personagem em relação a declaração de Gordon. É o mesmo que eu faria se me dissessem que “O Cavaleiro das Trevas Ressurge” é tão fraco em seus pilares. Eu simplesmente me recusaria a acreditar. Que o próximo diretor (e roteirista) que apadrinhar esse personagem tão fantástico dê, de fato, o ressurgimento que ele merece.



01/08/2012

Bruce Wayne, seu Meio Bilhão e Ajude com sua Doação


            Passados 11 dias do lançamendo de The Dark Knight Rises, e 5 dias depois do lançamento mundial, o último filme da saga do Cavaleiro das Trevas já arrecadou no total pouco mais de meio bilhão de dólares. Foram $287 milhões de doletas nos EUA e mais $248 milhões no mundo todo, chegando ao total de $535 milhões.
Bale em homenagem às vítimas
            Mesmo levando em consideração a queda na expectativa de arrecadação devido ao infeliz acontecimento no Colorado, onde um homem atirou contra a platéia na estreia do filme, ainda pode-se esperar que o encerramento da saga de Batman, do diretor Christopher Nolan, chegue à marca de $1 bilhão de dólares em bilheteria.
            Motivados pela tragédia, além do próprio Christopher Nolan, o ator Christian Bale visitou o hospital onde as vítimas que sobreviveram ao massacre estão internadas. Sabe-se que várias das pessoas que morreram, sacrificaram suas vidas para salvar seus filhos e cônjuges. É nessa hora que lembramos do que Bruce Wayne, incorporado ao seu alter ego, fala no seu último filme: "Qualquer um pode ser Batman". Há algo tão significativo do que o próprio ator que pronunciou estas palavras, visitar as pessoas que sobreviveram graças aos "Batmans" da vida real? Sim! Hans Zimmer, compositor das trilhas da saga do Cavaleiro das Trevas, compôs uma música para ajudar a arrecadar doações para as vítimas do massacre. Clicando aqui, você pode ouvir um trecho da música e liberá-la ao doar algum valor apresentado na lista.

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