27/11/2011

The Sunset Limited

A vida não é um conto de fadas. Não existem princesas, príncipes ou finais felizes. O fim nunca é feliz. E sim! Tudo tem um fim.
Tommy Lee Jones é Branco e ateu convicto. Samuel L. Jackson é Preto e católico fervoroso. Coloque ambos em uma sala de um apartamento trancado, para que cada um exponha sua opinião sobre a vida, e a morte. O meio e o fim.
Dirigido por Tommy Lee Jones e roteiro adaptado pelo próprio autor do livro homônimo, Cormac McCarthy expõe uma opinião que é compartilhada por pouquíssimas pessoas neste mundo triste que vivemos. Dentro da sala, somos espectadores de uma longa conversa sobre bondade, maldade, honestidade, falsidade e inúmeros outros conceitos que levamos durante nossas vidas até a nossa morte.
Lentamente nos envolvemos com as histórias de vida e motivos do por que cada um passou a levar a vida que tem agora. Infelizmente essa lentidão deve-se a divagações passadas tão rapidamente que até perdemos a linha de raciocínio, mas que logo podemos voltar a acompanhá-la em uma divagação posterior que sempre tem como plano de fundo, a tentativa de entender as crenças de cada um e uma tentativa quase sempre inútil de um tentar fazer com que o outro entenda o seu lado. Lados completamente opostos, assim como a religiosidade e o ateísmo. Assim como o Preto e o Branco.
A contravenção do nome em relação à sua crença nos mostra que podemos fisicamente representar uma realidade, mas psicologicamente podemos ser completamente diferentes, o exato contrário. O Preto e a luz contra o Branco e a escuridão.
Durante toda a conversa, podemos mudar nossos pontos de vista sobre cada assunto a cada vez que Preto e Branco falam, mas somente um tem a resposta das perguntas. De duas opiniões diferentes, somente um sairá convicto de suas crenças. Quem será? Preto ou Branco.

19/11/2011

R.E.C.

A ideia principal de REC (2008) não é nova. Um grupo de pessoas deve sobreviver aos ataques de um bando de zumbis sedentos por sangue e carne humana. Os planos subjetivos são relativamente novas, porém já bastante utilizados em filmes como Blair Witch (1999) ou Clooverfield (2007). Contudo, a história, envolvendo atores pouco conhecidos e não atores, aliados aos planos subjetivos, levam o espectador a viver junto dos protagonistas a claustrofóbica noite em um prédio isolado, junto de pessoas normais vivendo uma terrível experiência de medo e sobrevivência.
REC conta a história de uma dupla de jornalistas, Ângela Vidal e seu câmera Pablo, que estão gravando uma reportagem para um programa noturno, sobre o trabalho dos bombeiros durante o turno noturno, quando os bombeiros recebem um chamado. Em um prédio antigo, os inquilinos dizem ter ouvido gritos de uma vizinha que dizem ser louca. A equipe de bombeiros, mais dois policiais, estão atendendo o chamado, tendo todas as suas ações registradas pela câmera de Pablo.
Aos primeiros minutos, REC não passa de uma versão não editada de uma reportagem (o que de fato é para parecer durante o filme todo), mas, assim como diz um dos bombeiros entrevistados da repórter, cerca de 70% dos chamados não são para apagar algum incêndio ou salvar algum gatinho indefeso que se refugiou no topo de uma árvore, e com certeza esse filme conta a história do 0,00...1% das vezes em que os bombeiros enfrentam zumbis. Isso (logicamente) o torna diferente de uma reportagem ou documentário.
A ideia original, juntamente com a trama, planos subjetivos e em seqüência (alguns planos podem durar até 10 minutos), mais a atuação de atores profissionais podem fazer desse filme apenas mais um filme de zumbis, onde pessoas tem de sobreviver ao ataque dos mortos vivos, mas certamente ele será lembrado, já que duas coisas contam muito ao seu favor: seus planos subjetivos e simplesmente o fato de ele ser espanhol.
São literalmente 85 minutos de um documentário que mostra uma história em que muitos espectadores gostariam de viver (ou não).
É delirante. É assustador. É REC.

11/11/2011

Global "Mother Fuker Heavy" Metal!

A música faz parte do convívio social da humanidade desde a pré-história e, até hoje, mesmo sendo simplesmente uma música, certas obras musicais nos fazem ter as mais diversas sensações. Ouvimos músicas diferentes, com estilos diferentes relacionados aos nossos diferentes sentimentos que temos com relação ao mundo em que vivemos. Nossas paixões, nossas alegrias e nossas raivas são afloradas ou amenizadas com esta arte.
Global Metal é uma continuação direta do documentário dos mesmos diretores, Metal: A Headbanger’s Journey que conta a história do Heavy Metal, desde sua criação, passando pelos maiores ídolos do gênero e chegando às novas bandas da atualidade. Com o objetivo de encontrar as principais influências do Heavy Metal e a(s) primeira(s) bandas que o representam, fazemos uma viagem ao passado, descobrindo quais são as maiores influências dos maiores ídolos dos Headbanger’s.
No documentário Global Metal, escrito e dirigido por Sam Dunn e Scot McFadyen, vemos a influência do Heavy Metal, um gênero musical relativamente novo e alvo de preconceito pela maioria dos grupos sociais, em países de terceiro mundo que raramente ou nunca foram agraciados com visitas dos maiores ídolos do Heavy Metal mundial, e que provavelmente nunca os receberão.
Sam Dunn viaja por Brasil, Japão (este não necessariamente de terceiro mundo, mas com uma forte adimiração pela cultura occidental e uma grande cena Metal nas grandes cidades japonesas), India, China, Indonésia, Israel e Emirados Árabes, países que englobam a América Latina, Ásia e Europa Oriental.
A busca de informações de como o Heavy Metal influenciou os jovens destes países considerados de terceiro mundo, mostra-nos não só suas histórias de como ouviram pela primeira vez uma música do estilo Heavy Metal, mas mostra também qual a posição dos governos destes países que na maioria dos casos é extremamente conservadora. Histórias de proibições de importação de produtos relacionados à musica em governos ditatoriais, a repulsa da própria sociedade conservadora e até mesmo os altos valores devido as taxas exorbitantes de produtos relacionados à música e mais especificamente o próprio Heavy Metal.
Em uma estrutura de documentário clássico, acompanhamos o diretor e antropólogo Sam Dunn viajando por estes países e entrevistando pessoas cuja vida foi mudada pela influência do Heavy Metal, que foi descoberto por estas pessoas na grande maioria de modo ilegal ou, quando legalmente, a custos exorbitantes. As entrevistas são interligadas por imagens das grandes cidades destes países, mostrando seus ambientes típico e conservadores, fazendo um contraponto à imagens que mostram pessoas com o típico estereótipos headbangers, de cabelos compridos, roupa preta e acessórios de metal e couro. Estes mesmos nascidos em países cujos homens devem ter cabelo curto e suas roupas típicas consistem em tecidos coloridos e acessórios relacionados diretamente às suas remotas culturas e religiões.
Paralelamente à linha que o documentário segue, vemos entrevistas de ídolos do Heavy Metal falando de suas experiências nestes mesmos países enquanto são passadas imagens de shows ou da própria comunidade “metaleira” em grupos introduzidos num ambiente completamente diferente aos seus estilos e ideologias. Tudo isso ligado com uma narração em off do próprio diretor que nos guia em uma jornada para conhecer os ídolos do Heavy Metal, seus fãs e seus países que não possuem sequer o mínimo de influência do estilo Heavy Metal na sociedade, salvo estes fãs que contornam as dificuldades e compraram os álbuns, camisetas, bandeiras e outros objetos de suas bandas favoritas, além dos acessórios típicos de um verdadeiro headbanger.
A câmera guia-nos em uma linha de raciocínio não definida logicamente. Somos simplesmente levados para os países, e nestes seguimos por uma linha histórica não só a partir de um grupo socialmente definido, os headbangers, como individualmente, pelos próprios integrantes deste grupo. “O documentário, antes de tudo, é definido pela intenção de seu autor de fazer um documentário (intenção social, manifestada na indexação da obra, conforme percebida pelo espectador). Podemos destacar como próprios à narrativa documentária: presença de locução (voz over), presença de entrevistas ou depoimentos, utilização de imagens de arquivo, rara utilização de atores profissionais, intensidade particular da dimensão da tomada”*.
*RAMOS (Fernão Pessoa) – Mas afinal... O que é Documentário?, Ed. Senac, 2008
O estilo clássico do documentário torna-o mais simples e direto de ser compreendido e analisado. A fácil e dinâmica apresentação histórica do Heavy Metal nestes países é nos passado com uma desenvoltura simples e direta, de modo a proporcionar aos espectadores um envolvimento mais próximo e íntimo com o próprio Heavy Metal, seus fãs e nossos maiores ídolos.
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